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Críticas

Cineplayers

Da comédia romântica ao terror psicológico, passando pelo melodrama: o excesso de registros acaba por tirar o interesse de uma boa história.

4,0

Mina, uma jovem italiana, e Jude, um típico novaiorquino, ficam presos juntos em um minúsculo banheiro de um restaurante chinês. Para suplício de Mina, Jude está tendo uma crise estomacal, empesteando o micro banheiro com odores nada agradáveis. É com essa simpática, embora um pouco escatológica cena, que Corações Famintos se inicia. Do primeiro encontro à festa de casamento embalada por “Flashdance... What a feeling”, o filme segue no registro romcom boy-meets-girl filme indie de baixo-orçamento feito dentro de um apartamento (e alguns outros ambientes fechados, com raras cenas de rua) em Nova Iorque.

Mas Mina tem um pesadelo e tudo se transforma. O jovem casal grávido e recém-casado começa a conviver com os temores superprotetores da futura mãe. E quando o bebê nasce, o comportamento exagerado só aumenta. Mina e o filho praticamente não saem do apartamento - esse se torna um ambiente isolado e purificado (celulares devem ficar na porta de entrada, o terraço é vira uma estufa em que Mina planta os alimentos que a família pode consumir, amigos e familiares não frequentam o lugar). A família está enclausurada e cada vez mais Jude se preocupa com a saúde mental da mulher e com a saúde física do filho.

Junto com a transformação psicológica dos personagens vem as mudanças de registro do filme. Mudando radicalmente, a câmera passa a enquadrar os personagens em contra-plongées assustadoras e a trilha sonora passa a adotar efeitos de filmes de suspense e terror. Boy meets girl... mas ela se torna uma mãe superprotera vegana e estamos no Bebê de Rosemary – simples assim e sem nenhuma sutileza no processo.

As experimentações entre gêneros de Corações Famintos (da comédia romântica ao thriller, com tons de melodrama em vários momentos) poderiam até ser consideradas como uma forma criativa do diretor e roteirista Saverio Constanzo, não fosse a total falta de tato com a qual elas são conduzidas (o final “surpreendente” do filme é o ápice dessa falta de jeito). Mais do que ousadia estilística, fica a impressão de um realizador que não confia o suficiente na história que conta. Uma mãe com depressão pós-parto que acreditando purificar o filho o está matando de fome e um pai que ama essa família não sabendo como reagir a essa situação são em si terrores psicológicos o suficiente. Ao jogar tudo isso dentro de um clima pesado de terror, o filme sufoca qualquer possibilidade de ambiguidade para sua história e personagens.
 

Comentários (1)

Patrick Corrêa | segunda-feira, 06 de Outubro de 2014 - 23:17

Crítica rasa.
O filme tem força e os atores estão incríveis. É um eficiente misto de suspense e drama.

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