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Críticas

Cineplayers

A Disney é malandra e sabe como ganhar dinheiro.

7,0

Não é de hoje que os games vêm subindo cada vez mais em popularidade e gerando uma enorme quantidade de grana; como exemplo, Grand Theft Auto 4, lançado em 2008 para Playstation 3 e Xbox 360 – chegou depois para PC –, alcançou a maior estreia da história entre todos os entretenimentos existentes, incluindo blockbusters como Harry Potter e Crepúsculo, fazendo 310 milhões de dólares apenas no dia de seu lançamento. Disposta a atrair a atenção novamente desse público um pouco perdido com o cinema, a Disney realizou este Detona Ralph (Wreck-it Ralph, 2012), animação infantil que conta uma história já familiar até para os baixinhos, mas ambientada neste novo “toque de midas” que se tornaram os jogos eletrônicos, para tentar buscar a identificação que talvez falte a eles.

Ralph é um vilão de um arcade antigo que, depois de trinta anos fazendo bem o mesmo serviço de destruir as coisas, sente vontade de experimentar o outro lado da moeda, virar um herói. Mas isso não é uma tarefa fácil. Programado para ser sempre o antagonista da máquina, ele foge para outros fliperamas em busca de uma medalha, o que faria com que ele realizasse seu sonho. Arrumando problemas por onde passa, ele acaba sendo caçado por Calhoun, uma líder de um jogo de tiro em primeira pessoa que o considera perigoso, e por Felix, o herói original de sua máquina, que sente medo que ela seja desligada caso Ralph não volte para lá. Há ainda Vanellope, uma menininha de um jogo de corrida que acaba sempre sendo deixada de lado por ter um bug, falha de programação que é considerada perigosa pelos outros personagens e que acaba criando uma amizade com Ralph justamente pelo sentimento de exclusão.

Entre idas e vindas por cenários que reproduzem bem 3 épocas distintas dos videogames (os jogos antigos, os de tiro em primeira pessoa frenéticos de hoje e os de corrida de kart bonitinhos), o mote da história é mesmo a amizade que Ralph acaba construindo com Vanellope, que só aparece no filme depois de muito tempo de projeção, o que pode causar certo estranhamento em alguns. Antes disso, temos um fã service para quem conhece a história dos games: desde a reunião de vilões na sala dos fantasmas de Pac-man (que conta com alguns dos mais famosos personagens da história dos jogos eletrônicos) até a tomada central que une todas as máquinas, haverá diversas tiradinhas fazendo referência a clássicos como Asteroids, Space Invaders, Pong, Street Fighter e muitos outros jogos. Os pequenos não devem se ligar muito, mas os mais viciados com certa idade certamente irão à loucura.

Algo que impressiona em Detona Ralph é que ele tenha coragem de fazer um tipo humor até agressivo, como por exemplo o clássico fatality do personagem Kano, de Mortal Kombat – sim, o do coração! O que era quase proibido nos anos 90 virou piada de filme infantil na década atual. Coisa da idade, são outros tempos.

Quando Ralph foge, ele entra em um mundo que mistura Call of Duty, Mass Effect, Halo e Gears of War – ou seja, jogos de adolescentes que dificilmente se sentirão atraídos pelo filme porque, inesperadamente, quando ele pula para o terceiro mundo, o rosa de corrida (ou salmão, como um personagem cisma em dizer), a fita se torna excessivamente infantil e muda completamente o tom que a história tinha até então de forma inexplicável, demonstrando certo desequilíbrio na fórmula que suga tudo e mais um pouco de Toy Story e seu mundo alternativo ao dos humanos. É engraçado pensar que a Pixar fez um filme tipicamente da Disney (Valente [Brave, 2012]), e agora é a vez da Disney fazer um filme típico da Pixar em essência, essa exploração de forma cômica de um mundo totalmente criativo. Certamente uma série de produtos licenciados serão criados e até os arcades originais do jogo foram disponibilizado pela Disney, que você pode jogar os três games clicando aqui.

Durante toda sua duração, referências a diversos jogos testarão os conhecimentos gamísticos da plateia, com algumas delas sendo geniais, como a senha para abrir a sala de programação ser o clássico código da Konami dos anos 90 realizado em um controle do Nintendinho. É óbvio que os personagens Felix e Ralph foram inspirados em Mario e Donkey Kong do conhecido arcade Kong da Nintendo, onde o macacão raptava a princesa e o encanador tinha que escalar o prédio para salvá-la, enquanto desviava de obstáculos jogados pelo seu adversário (percebam no detalhe dos movimentos truncados dos personagens mais antigos durante todo o filme, que reproduzem a limitação técnica de antigamente).

Mas fica a pergunta: seria todo esse fã service suficiente para fazer de Detona Ralph um filme inesquecível? Se você tolerar a mudança brusca de tom e curtir filmes infantis (ainda que haja alguns plot twists interessantes), sim, ele é bonitinho e pode até arrancar algumas lágrimas dos mais sensíveis, seja pela histórica tocante ou pela nostalgia do tempo em que se passavam horas e horas jogando os jogos homenageados. Mas se você tem certa intolerância ou simplesmente não gosta de games, é melhor ser cauteloso quanto a ele.

Comentários (12)

Liliane Coelho | terça-feira, 08 de Janeiro de 2013 - 10:22

Eu gostei muito do filme. E todos os adultos que conheço também gostaram. 😁

Não vi problemas com mudança de ritmo. Com certeza é a melhor animação do ano e uma das melhores desde Toy Story.

Rodrigo Cunha | terça-feira, 08 de Janeiro de 2013 - 14:28

Só pra ficar claro: eu gostei bastante do filme, só tenho minhas ressalvas quanto a algumas coisas que citei. :p

Rodrigo Cunha | terça-feira, 08 de Janeiro de 2013 - 14:29

Até acredito que com o tempo as coisas ruins acabarão sendo encobertas pelas boas. :)

Danilo Rodrigues Santos | terça-feira, 08 de Janeiro de 2013 - 23:37

eu pirei quando o Ryu apareceu no fundo do bar,se ele surgisse em alguma cena de luta,seria o melhor filme do ano bem facil 😎

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