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Críticas

Cineplayers

O cinema convencional de Edward Zwick não salva O Diamante de Sangue, mesmo com Di Caprio e Connely.

5,5

O diretor Edward Zwick se especializou em fazer cinemão épico romântico como Tempo de Glória, Lendas da Paixão e O Último Samurai, seu novo trabalho Diamante de Sangue entra em território político ao contar uma história situada na Guerra Civil de Serra Leoa na África durante os anos 90, financiada pela exploração dos diamantes locais e que ficaram conhecidos como os tais "Diamantes de Sangue". Mas apesar do tema atual, o filme ainda mantém as mesmas características de seu cinema comercial de época, ao inserir paixões, heróis e vilões, o que acaba atrapalhando uma história que poderia render um filme de primeira nas mãos de cineastas mais ousados ou familiarizados em retratar situações históricas como Spike Lee ou Paul Greengrass.

É a aventura de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um contrabandista Sul-Africano que se endivida após um mal-sucedido negócio e por acaso acaba esbarrando em um pescador chamado Solomon (interpretado por Djimon Hounsou), que encontrou um raro e valiosíssimo diamante róseo. Oportunista e aproveitador, Archer passa a ajudar Solomon a encontrar sua família em troca da localização da pedra. A bela Jennifer Connely completa o elenco principal como a jornalista Maddy Bowen, também usada por Archer para conseguir informações e se movimentar no país. Isso é o ponto de partida de uma trama curiosa e cheia de reviravoltas.

Mas se em 'O Último Samurai' Zwick mostrava uma visão bem americana do choque de culturas, aqui ele se torna ainda mais óbvio e até ingênuo ao retratar situações mais recentes de um continente que está sempre nos telejornais. Há cenas como a que o DiCaprio sai do hotel onde mora e é abordado por prostitutas que falam "não tenho HIV", não tem relevância na trama mas ficou uma tentativa forçada de inserir o problema da AIDS no país apenas para efeito de ambientação, cenas como essa se cortadas não fariam falta e enxugariam a excessiva duração de duas horas e vinte minutos.

O principal problema do diretor é a maneira convencional e clichê de lidar com as caracterizações e exposição dos fatos, volta e meia hà cortes para uma sala onde engravatados anônimos mas com aparência importante estão discutindo a situação. Solomon e seu antagonista, o cruel chefe do exército de libertação (F.U.R.) são caricaturas onde um é extremamente bonzinho e o outro é excessivamente vilanesco, com direito a cicatriz no olho e tudo. O envolvimento de DiCapro e Connely é previsível mas interpretado com competência por eles, porém não impede que o filme inteiro acabe caindo num excesso de pieguice durante o terço final. Talvez eu seja extremamente cínico, mas cheguei a resmungar em voz alta frente a tanto açúcar na tela.

Diamante de Sangue é um típico cinemão americano que tenta ser mais engajado e até pode surpreender aqueles que só esperam uma diversão, mas pode irritar profundamente aqueles que esperam um cinema mais visceral principalmente se tratando de um tema tão forte, que possibilitaria algo muito mais marcante do que se vê na tela.

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