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Críticas

Cineplayers

Um drama romântico bobinho, um mar de clichês sem nada de novo realmente.

5,0

Uma sinopse: Melanie fugiu da caipirada do Alabama e do seu grande amor para tentar ser alguém em Nova Iorque, seguindo os desejos de sua mãe e seus próprios sonhos. Tornou-se uma designer de roupas de sucesso na Big Apple, e está prestes a se casar com o homem dos seus sonhos. O problema é que a moça tem que resolver assuntos pendentes no Alabama para poder se casar. Na realidade, precisa da assinatura do documento de divórcio, já que seu grande amor antes era também seu marido. Melanie chega então no Alabama sete anos depois de ter saído, totalmente mudada, para tentar convencer seu marido a ceder-lhe o divórcio. Enquanto isso, ela reencontra todas as pessoas que fizeram parte do seu passado.

É mais um caso de “peixe fora d’água” que temos em Doce Lar. O filme foi lançado em 2002 nos Estados Unidos faturando uma porrada de dinheiro e estabelecendo a atriz Reese Witherspoon como a “nova queridinha dos Estados Unidos”. Pudera, depois do sucesso-surpresa Legalmente Loira de 2001, este seu novo trabalho faturou ainda mais que ele. A menina está com o pé direito mesmo com os norte-americanos. Há um certo exagero nisso tudo, mas numa sociedade sedenta por novos ídolos, a velocidade com que Reese subiu no ramo não é algo surpreendente.

O trabalho anterior a essas suas últimas comédias românticas mais destacado da atriz é Eleição, um filme aclamado pela crítica e por boa parte do público (embora pessoalmente eu não goste dele). Legalmente Loira 2 já foi lançado no Hemisfério Norte e vai repetindo o sucesso do primeiro. Qual o segredo da atriz? Fácil: um pouco de sorte (ter participado de Eleição) e depois disso ter escolhido duas comédias que o público adorou. Tanto Legalmente Loira quanto este Doce Lar são filmes leves, despretensiosos e, na medida do possível, engraçados. Junte isso à simpatia da atriz, e você tem uma vencedora nas bilheterias. Dizem que ela está tomando o lugar de Julia Roberts, o que é ainda um pouco cedo para ser confirmado. Talvez em dois ou três anos já tenhamos a resposta definitiva.

Deixando a atriz um pouco de lado, e passando ao filme em si, Doce Lar é um filme agradável e mesmo divertido, mas é também uma coleção de clichês com um roteiro insuportável de “fofurismos”, que faz sempre as escolhas mais previsíveis e fáceis. Temos o típico triângulo amoroso (Witherspoon ao lado de Josh Lucas e Patrick Dempsey), e durante todo o filme a moça passa de um para o outro, até fazer a sua decisão final num clímax previsível e medonho, extremamente forçado. Isso não é necessariamente horrível, mas estraga um pouco o bom clima que Doce Lar nos passa durante quase todo o tempo: paisagens bacanas dos “caipiras” do campo, diálogos engraçadinhos e até mesmo alguns momentos emocionantes.

O filme foi lançado sob alguns protestos dos sulistas nos Estados Unidos, por trazer, em relação ao povo de lá, uma imagem totalmente estereotipada dos mesmos, mostrando-lhes como pessoas burras que ainda não entraram no século XXI. Para quem está de fora, é interessante acompanhar a disputa que o filme traz, entre os nortistas (o pessoal sem coração de Nova Iorque) e os sulistas (caipiras, mas com um coração e hospitalidade enormes). É como se fizessem um filme sobre a rivalidade que existe, em muitos setores, entre o pessoal do Rio de Janeiro e de São Paulo. A disputa não é nada útil, mas chega a ser engraçada para quem está de fora. No final do filme, por causa de um certo acontecimento, um grupo festeja uma pseudo-vitória moral sobre o outro, em uma cena totalmente absurda, como se a moral de séculos de disputa pudesse ser decidida por algo tão pequeno. Do que estou falando? Só assistindo pra descobrir, mas não se anime, não é nada de muito importante...

Então Doce Lar vai jogando na tela belas imagens, os mesmos relacionamentos de sempre e um final feito para agradar ao público (embora eu preferisse que ela tivesse escolhido o outro cara – grande bobagem). As atuações estão surpreendentemente boas considerando-se o gênero comédia romântica. Witherspoon pode ter conquistado o público pela sua simpatia e beleza, mas não deixa de ser uma atriz muito boa, o que é um tanto raro nos dias atuais em Hollywood. Infelizmente as escolhas do roteiro foram em sua maior parte errôneas, fazendo este filme apenas ser “mais um” entre tantos do gênero, e assim não há muito o que se aproveitar do filme no final. Foi perdida uma boa chance de se criar algo mais do que apenas uma nova comédia romântica bobinha, que em alguns anos não será lembrada como poderia ser. Em vários momentos, o filme quase consegue apresentar um conteúdo mais interessante e diferenciado, mas nunca passa do quase.

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