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Críticas

Cineplayers

Uma comédia muito fraca, onde o melhor é mesmo a trilha sonora.

4,0

Doidas Demais é mais uma comédia sobre personalidade. Lavínia (Susan Sarandon) é uma dona de casa que mora com suas filhas adolescentes e com um marido que possui aspirações políticas. Acontece que a sua família não sabe nada sobre seu passado, que é bastante diferente dos dias de hoje. Bagunçadora, Lavínia era uma daquelas tietes de bandas de rock, que faziam de tudo para se integrar, inclusive trocando sexo para conhecer os cantores. Essa fase de sua vida vem novamente à tona quando Suzette (Goldie Hawn), sua amiga doida demais (pois as duas eram vistas pelos outros, de acordo com elas mesmas, como as “irmãs doidas demais”), que ainda continua com a mesma personalidade dos velhos tempos, viaja centenas de milhas para revê-la, afim de reencontrar a antiga amiga que não vê há 20 anos, e de pedir dinheiro emprestado.

Como é fácil de prever, embora com toda a alegria da chegada de uma das irmãs Doidas Demais, a família de Lavínia sofrerá uma reviravolta tremenda, e ela vai tentar provar para si mesma que ainda pode ser uma Doida Demais, deixando sua vida comum e nada agitada de lado. O destaque do filme, porém, é mesmo Goldie Hawn, que quase com 60 anos de idade ainda dá um bom caldo. O filme obviamente aproveita para exibir, de todos os ângulos possíveis, o par de big-tits que a atriz possui, fornecendo a seus espectadores muitas piadas engraçadas sobre todo o reboliço que elas provocam.

Ainda no elenco principal está o ótimo Geofrey Rush (o marquês de Os Contos Proibidos do Marquês de Sade), um homem que, assim como a personagem de Sarandon, escolheu o caminho “certinho” da vida, querendo ter tudo sobre a sua vida em controle, desde as toalhas de banho na posição correta até evitar tocar em outras pessoas para não pegar germes alheios. É um personagem à princípio extremamente chato, mas tão bem interpretado, que acaba ganhando a simpatia das pessoas. Ele e Suzette se cruzam por acaso, e um passa a fazer parte da aventura do outro (ela quer rever a amiga; ele quer matar seu pai (!)) e, claro, Rush (cujo personagem chama-se Harry) acaba se apaixonando por ela.

Lição de moral pra lá, lição de moral pra cá, o filme avança em bom ritmo, com situações engraçadas, divertidas (como o controle absurdo que a mãe Lavínia exerce sobre suas filhas), embora nada originais. O filme, em meio às suas lições, aposta no humor escandaloso para fazer rir, como o fato de uma das filhas ter um problema que causa barulhos altos saindo da sua garganta, o que acaba gerando situações embaraçosas para a menina mas engraçadas para o público. É humor à lá Rob Schneider (que fez Animal e Gigolô por Acidente, onde ambos os filmes possuem situações do mesmo naipe).

É um filme que passa razoavelmente fácil pela tela, sempre com uma certa dose de entretenimento. Mas o excesso de moralismo, de clichês e de previsibilidades presentes no roteiro é tão alto, mas tão alto, que só espectadores menos exigentes tendem a realmente gostar do que assistem. Algumas cenas são bastante engraçadas, porém, quando para ser engraçado o filme sempre tem que gerar desconforto para algum dos personagens, o humor passa a ser grosseiro, o que não certamente não vai agradar a todas as pessoas (que dificilmente acham esse tipo de humor o melhor).

Grande destaque no filme tem a trilha musical. Como Suzette e Lavínia são ex-tietes, você verá bastante referências ao mundo do rock, e quem curtiu filmes como Quase Famosos e Rock Star se identificará bastante com a fase Doida Demais das duas protagonistas. Jim Morrison, o legendário vocalista dos The Doors, é o principal ídolo das personagens, e o músico sempre ganha destaque no roteiro. Na trilha sonora também, felizmente.

Goldie Hawn, como já foi mencionado, é o destaque do filme, tanto que sua interpretação sexy e engraçada rendeu-lhe uma indicação ao Globo de Ouro de 2003. Talvez tenha sido um exagero, mas de qualquer forma, é bom ver a atriz, tão sumida recentemente (um de seus últimos filmes foi o ainda mais fraco Perdidos em Nova Iorque, onde contracenou com Steve Martin), em um tipo de papel que ela sabe fazer tão bem.

Se tivesse um roteiro mais original, mais desenvolvido para não ser tão previsível, e com piadas um tanto menos estúpidas (embora devo reconhecer que parte delas ainda assim são engraçadas), Doidas Demais seria uma ótima sessão matinê. Mas este não é o caso, já que o “se” não pode ser desconsiderado. Pelo menos o problema não é dos atores, e sim do roteiro, o que livra a cara do trio Sarandon, Rush e Hawn. Recomendável mais para o público casual, principalmente da ala feminina, que podem encarar o filme como um passatempo divertido, mas totalmente descartável.

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