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Críticas

Cineplayers

Conheça o novo longa de Amos Gitai; um drama que deixa muito a desejar, mas com ótimas atuações.

4,0

Logo após os créditos iniciais deste novo longa de Amos Gitai, surge um longo plano-seqüência com Natalie Portman em close, chorando compulsivamente. Alguns minutos se passam e a cena é a mesma, Portman continua lá, em close, com lágrimas caindo e maquiagem borrada. É, o cinema de Amos Gitai não abre espaço para concessões. Nem para sensacionalismos. Em vez de seguir a linha belicista ao tratar do conflito entre judeus e palestinos (ele já havia seguido essa linha com Kippur – O Dia do Perdão), Gitai ousa captar as sutilezas da problemática região através de visões intimistas e femininas de três mulheres bastante diferentes.

Portman é Rebecca, americana de pai judeu que largou a América para buscar sua própria identidade na região. Desorientada e perdida após romper o noivado e brigar com a sogra (uma pequena participação da espanhola Carmen Maura), acaba por entrar no táxi de Hanna (Hana Laszlo). Hanna não a aceita como passageira, pois precisa ir a tal Zona Livre, uma espécie de região da Jordânia de comércio facilitado, onde cobrará uma dívida, mas Rebecca a convence a ir junto. Chegando na região, encontram Leila (Hiam Abbass), mulher de Samir (Makram Khouri), ou “O Americano”, o tal devedor que não se encontra no local. As três partem juntas a buscar o dinheiro.

É clara a intenção de Gitai em não ser polêmico. Sua câmera age como uma observadora daquele microcosmo formado primeiramente na interação entre Rebecca e Hanna, e depois com a adição de Leila. A química entre as três atrizes surge então como ponto alto do filme: Portman cria uma Rebecca frágil e instintiva; a Hanna de Lazlo é batalhadora e marcada pela vida (este papel lhe deu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes); e a Leila de Abbass é forte e superficialmente segura.

É fato que, se não fosse o trabalho dessas três ótimas atrizes, o filme teria tudo para se tornar um tédio profundo. A câmera insistentemente trepidante do diretor, como se estivesse em um documentário, faz com que a platéia sinta tonturas e sonolência durante a projeção. O respiro vem quando ele opta pelos planos-seqüência, que não são muito apropriados para buscar a atenção do espectador mais disperso. Gitai também aproveita para fazer uma pequena radiografia da região, com imagens que não costumamos ver nos noticiários. E o bonito final mostra que o diálogo é que permeia o caminho a ser percorrido. Mas com um assunto tão atual e relevante, o filme fica devendo. A direção de Gitai também.

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