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Críticas

Cineplayers

Embora vencedor do Oscar de Melhor Filme, para os padrões atuais é um filme fraco e sem inspiração.

3,0

O filme de 1958 vencedor do Oscar é, pra mim, provavelmente o pior dos vencedores do Oscar. Estamos ainda na época de ouro dos musicais, embora nos dirigindo para o final dela, já que daí pra frente poucas obras desse gênero realmente se destacaram (A Noviça Rebelde é um deles). Gigi é um filme bobinho, que possui fraquíssimos números musicais e é extremamente entediante. Leslie Caron, a moça do título, interpreta uma adolescente gentil e bem-educada, de família rica e parentes milionários, em uma Londres do século XVIII de pessoas vazias, desinteressantes, e movidas pela fofoca alheia. Não é exatamente um ambiente excitante, nem mesmo propício para um musical, mas muita gente acabou gostando, e hoje Gigi é considerado um pequeno clássico do gênero.

O problema já começa com a personagem principal. Leslie Caron interpreta uma adolescente, que no início do filme aparece brincando em um parque em meio a inúmeras crianças. O detalhe é que a atriz tinha 27 anos (!!!) na época do lançamento do filme. Isso é sempre evidente, e as roupas infantis, trancinhas e afins fazem ela aparentar-se com um pequeno monstrinho. Totalmente bizarro! Obviamente, muitos defenderão o fato citando que o filme é uma história de fantasia (como muitos musicais da época eram), mas ainda assim é um detalhe no mínimo inusitado e de bastante mau gosto.

A direção extremamente preguiçosa de Vincente Minnelli, que é um sujeito muito competente para os gêneros musical e comédia, é outro ponto negativo de Gigi. Com textos longos, desinteressantes, o filme é demorado demais (mesmo tendo apenas 119 minutos) e no final a impressão que dá é que nada de realmente importante aconteceu para os protagonistas. Mesmo que Gigi tenha descoberto o amor, isso já era previsível ao extremo (até pelo seu típico físico, pelo qual percebemos que ela já é madura o suficiente para amar – mas inexplicavelmente inocente), e apenas temos que esperar pela cena da “descoberta” do amor acontecer. Enquanto isso, outras cenas mostrando a monótona sociedade londrina, enquanto Gaston (Louis Jordan, o par romântico de Gigi no filme) canta “It’s a Bore” (“É um Tédio”, por sinal uma das poucas canções que se salvam no filme) enchem ainda mais a paciência. Realmente Gaston, o filme é um tédio!

Salva-se, apenas relativamente, a parte artística do filme. Roupas e sets de filmagem são bem requintados, embora também extremamente exagerados em algumas cenas (o clima é parecido com o que vemos em Moulin Rouge!, só que durante todo o filme, o que acaba enjoando), ainda assim o filme também ganhou os Oscars de direção de arte, cinematografia e figurino, entre outros. Como já foi comentado, os números musicais são rasos, feios e não motivam, embora a ingenuidade presente neles seja um fator bastante positivo. Ora, se hoje em dia fosse lançado um filme com uma música de nome “Thank Heaven For Little Girls” (“Obrigado aos Céus Pelas Menininhas”), onde um senhor idoso estivesse apreciando elas em um parque público durante suas brincadeiras, acusariam o diretor de pedofilia. Talvez essa ingenuidade seja a única justificativa para colocarem uma mulher de 27 anos no papel de uma adolescente, mas aí realmente houve um exagero.

A história do filme é bem simples: Gigi é uma menina alegre, que está sendo treinada para ser uma dama da alta sociedade, pela sua família milionária, recebendo lições de etiqueta e bom comportamento em público – tudo que Gigi não tem no início do filme, por ser muito levada. Enquanto isso, Gaston se entedia cada vez mais com as mulheres e sua vida de luxo, até que percebe em Gigi uma chama de paixão, e ele está disposto a conquistá-la e a transformá-la na mulher de sua vida. Com essa pontinha de argumento, o roteiro possui dezenas de cenas para mostrar essa evolução nas intenções de Gaston e no aprimoramento social de Gigi. E quer saber? Isso tudo é uma chatice enorme e sem fim!

Tenho certeza que muitos discordarão de mim, dizendo que os musicais de Gigi são encantadores, o clima do filme é um sonho e os personagens são interessantes, afinal, o filme é reconhecido como um clássico, como já foi comentado. E ganhou nove (!!!) Oscars, entre eles o de filme, direção e roteiro adaptado. Mas comigo nada disso funcionou. Considero Gigi o mais fraco dos vencedores do Oscar de todos os tempos, um filme até mesmo ofensivo pra inteligência do espectador, de um mal gosto artístico e musical realmente marcante. As interpretações são ordinárias e não há nada de realmente diferente neste filme para justificar seu sucesso crítico. Envelheceu muito mal.

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