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Críticas

Cineplayers

Quem vai ficar com Reese?

5,0

Há uma parceria de gêneros que anda fazendo sucesso no cinema americano já há certo tempo e rendendo, além de um bom retorno nas bilheterias, oportunidades para a promoção de novos atores ascendentes, ou servindo para ressuscitar a carreira de outros atores outrora famosos. Trata-se da parceria entre o cinema de ação puramente comercial, que atrai em especial o público masculino, com as comédias românticas que tanto agradam às mulheres. Unem-se as fórmulas clichês desses dois estilos de filmes sob o comando de um elenco de rostos bonitos e cheio de carisma e pronto, o objetivo financeiro muito provavelmente será alcançado – como foi o caso de trabalhos irregulares, porém suficientemente divertidos, como Encontro Explosivo (Knight & Day, 2010) e Par Perfeito (Killers, 2010).

Essa união do útil ao agradável tão bem aproveitada em filmes como True Lies (idem, 1994), de James Cameron, hoje está tão na moda que já perdeu boa parte da graça, de modo que seu objetivo principal se resume a promover atores e nada mais. Guerra é Guerra (This Means War, 2011), exemplo perfeito recente, nada mais é do que uma tentativa de relançar Reese Whiterspoon ao estrelato enquanto atrai olhares para dois atores-aposta em Hollywood, Tom Hardy e Chris Pine. E embora não passe de um amontoado de piadinhas divertidas derivadas de uma premissa inicialmente interessante, Guerra é Guerra cumpre bem com seu objetivo de entreter ao mesmo tempo em que coloca em evidência os três nomes que encabeçam seu elenco.

Os melhores amigos Tuck (Tom Hardy) e FDR (Chris Pine) são agentes secretos da CIA que acabam se apaixonando pela mesma garota, Lauren (Reese Whiterspoon). Tuck é mais pacato e sonha em ter uma família, enquanto FDR é um solteirão convicto que entra em desespero ao se descobrir verdadeiramente apaixonado por Lauren. Enquanto a moça não se decide com qual ficar, os dois deixam de lado qualquer vestígio de amizade e usam irresponsavelmente os recursos mais tecnológicos da agência secreta para sabotarem as oportunidades um do outro com a garota. Enquanto isso, um terrorista internacional perigosíssimo decide voltar para se vingar seu irmão, morto por Tuck e FDR.

Embora não haja qualquer estrutura no roteiro, apenas uma sucessão de piadas simpáticas onde os dois amigos se matam pelo amor de Lauren, Guerra é Guerra é inteiramente sustentado pelo talento de seu trio principal de atores, que estão ali mais para se divertir do que qualquer outra coisa. É um trabalho que exige o máximo possível do carisma de seu elenco, e nesse quesito não decepciona. Tom Hardy, em evidência desde sua participação eficiente em A Origem (Inception, 2010), deixa de lado a imagem de carrancudo e abraça sem medo o papel de um cara sensível e cavalheiro. Chris Pine finalmente deixa de interpretar um bom moço e se sai bem como o típico garanhão das comédias românticas, que vai ganhando a aprovação do público conforme vai se mostrando vulnerável diante do amor. Reese, por fim, o pivô desse triângulo amoroso, volta à boa forma com um papel super bobo, mas que ganha vida graças à sua simpatia nata. 

Fora isso, há os mesmos clichês essenciais de sempre tanto em uma comédia romântica como em um filme de ação, como o vilão russo calculista e vingativo, a melhor amiga debochada da mocinha (um trabalho baseado basicamente nas improvisações chulas de Chelsea Handler), a imagem banalizada dos agentes da CIA, a missão no início da trama que dá errado e obriga a dupla de agentes a se empenhar em consertar e etc. A única questão não presente nesse pacote de clichês é a respeito da decisão de Lauren sobre qual dos dois namorados escolher. Querendo ou não, essa é a dúvida que prende a atenção do espectador até o fim da projeção, nos levando a aguentar momentos de pouca inspiração, algumas piadas sem a menor graça e a falta de fôlego que acomete a produção a partir da metade – mas pelo menos há a garantia de um final bem divertido.

McG, o mal afamado diretor de filmes como As Panteras (Charlie’s Angels, 2000), faz em Guerra é Guerra o que qualquer diretor de seu naipe faz de melhor – ganhar dinheiro. Pelo menos ele faz isso sem subestimar a inteligência do espectador e garante uma sessão que agradará em cheio tanto o público masculino como o feminino, além de indiretamente colaborar para que atores de talento ganhem a atenção que merecem, abrindo assim novas portas para projetos futuros mais interessantes para todos os envolvidos. Exigir mais que isso seria ingenuidade, então só nos resta sentar, assistir e descobrir quem é o sortudo a ganhar o coração da bela Reese Whiterspoon no final da história.

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