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Halloween 3 - A Noite das Bruxas

(Halloween III: Season of the Witch, 1982)
5,9
Média
100 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

O melhor da série Halloween é o único que não conta com a presença de Mike Myers.

6,0

Certamente os fãs de Michael Myers não apenas não concordarão com minha próxima afirmação como também irão querer minha cabeça à prêmio: Halloween III: A Noite das Bruxas é possivelmente o melhor de sua série de terror. É, não por coincidência, o único de toda a série (são oito filmes por enquanto) sem a presença do assassino em série que conquistou milhões de fãs no final dos anos 70 e ajudou a inspirar outras séries mais tarde, como Sexta-Feira 13 ou A Hora do Pesadelo.

Halloween III consegue fugir do típico jogo de gato-e-rato que o gênero tanto apresenta (e que o desgastou até ser novamente redescoberto por Pânico no final da década de 90) para demonstrar elementos mais diversificados e originais, ainda que estes sejam tão absurdos e ridículos quanto um assassino imortal correndo atrás de jovens sem inteligência. Tais elementos diversificados e originais são, na realidade, bizarrices áudio-visuais que servem para entreter e criar tensão. O filme tem uma estrutura que proporciona suspense crescente, ao contrário do jogo de gato-e-rato típico que geralmente proporciona o mesmo nível de suspense em todas as cenas, apenas diversificando a maneira pela qual o assassino mata as suas vítima.

A história começa nos apresentando a um homem desesperado fugindo de perseguidores de terno, oito dias antes do Halloween. Este homem tem um segredo que não pode ser revelado. Um plano mortal de um grande empresário dono de uma fábrica de máscaras que planeja “algo” para o dia do Halloween. Logo, dois personagens também se vêem envolvidos nesse esquema e partem para investigar: o médico Daniel (Tom Atkins, ator que obteve um sucesso razoável no início dos anos 80 com filmes do gênero) e Ellie (Stacy Nelkin, mais conhecida por trabalhos para a televisão). À medida que a investigação transcorre, tudo vai ficando mais misterioso e bizarro, e se você conseguir entrar no clima proposto pelo filme, fica difícil não se interessar pelo segredo por trás da fábrica de máscaras de Cochran.

No meio disso tudo, claro, existem várias mortes e a quase obrigatória cena de nudez da atriz principal (neste caso a cena é quase hilariamente ou estupidamente forçada dentro do roteiro, já que não há clima algum entre Daniel e Ellie). De qualquer forma, até aqui nada foi falado que justificasse as tais bizarrices citadas mais acima. O filme possui uma musiquinha, daquelas que não saem da cabeça, que é apresentada provavelmente mais de uma dezena de vezes e é extremamente bizarra. É um comercial que passa a todo o tempo na televisão, anunciando as máscaras de Cochran em uma contagem regressiva para o Halloween (“...faltam oito dias para o Halloween, Halloween...”). Tal comercial é o responsável por criar todo o clima de “esquisito” para o filme. Desde a primeira vez que ele é exibido fica fácil saber que ele tem algo de misterioso e tem relação com algum segredo dentro do filme, porém apenas perto do final descobre-se o que é. Além do quê a entonação da música faz dela algo de assustadora.

Obviamente o espectador deve ter certa aceitação ao ridículo para poder gostar do filme. Afinal, a revelação do mistério envolvendo as máscaras de Halloween é totalmente absurda e sem sentido algum, mas o filme a apresenta em um ritmo tão adequado (aquele termo “suspense crescente” citado mais acima aplica-se aqui) que ao final torna-se apenas um detalhe sem maior importância. As mortes durante o filme também são extremamente grosseiras ou repugnantes, mas destaca-se um trabalho com bonecos e maquiagem incrível da direção de arte. Finalmente, a fotografia de Halloween III, ao contrário da maioria dos outros filmes da série, é belíssima e bastante variada. A cena que anuncia a chegada da noite de Halloween em várias cidades do país é simplesmente incrível e merece ser citada.

Os elementos originais, a bizarrice do roteiro e a tal musiquinha tenebrosa são a minha justificativa para ter gostado do filme. Não é para ser levado à sério: é um filme “B” de terror, só que bem produzido. O diretor estreante Tommy Lee Wallace, que hoje é ainda mal-visto por fãs de filmes de terror, fez um belíssimo trabalho e soube criar algo razoavelmente inovador. Se este filme não faz lá muito sentido, pelo menos pode ser visto como mais interessante do que os típicos jogos de assassino e vítima. Mas o público não o viu desta forma, e o subtítulo de Halloween 4 é “O Retorno de Michael Myers”. O produtor John Carpenter (diretor do Halloween original) bem que tentou dar uma nova direção à sua série, mas não obteve sucesso. Uma pena, nenhum filme – com exceção provavelmente do primeiro, que possui um cuidado todo especial no roteiro, além de uma ótima direção – desse incrivelmente famoso assassino do cinema é tão bom quanto A Noite das Bruxas.

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