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Críticas

Cineplayers

Comédia escrachada (e sem graça) acerta na crítica ao emburrecimento da população. Isso, porém, não salva o filme.

5,0

Desastre total nas bilheterias norte-americanas, Idiocracy desmente um pouco a crença de que o povo gosta de se ver na tela do cinema. Explico: a “idiocracia” do filme significa “o poder na mão de idiotas”. A história passa-se em 2500, mas tirando alguns exageros e situações cômicas, o diretor Mike Judge acertou no ponto de sua crítica contra o emburrecimento da população. Enquanto pessoas inteligentes planejam seus filhos com cuidado (e muitas vezes decidem não os ter), pessoas de baixo QI vão defecando nenéns no planeta, tornando cada geração mais burra que a outra. No mundo daqui a 500 anos, o caos generalizado toma conta porque os líderes não conseguem resolver problemas simples, como garantir a próxima colheita. E nem estamos falando do aquecimento global...

Se a intenção e a crítica foram acertadas, Judge apenas se perdeu um pouco na realização. Retirando a parte da análise social, o filme é de um vazio total e suas piadas pouca ou mesmo nenhuma graça têm. Alguns acontecimentos em segundo plano (que somente os mais atenciosos notarão) e referências em placas são as melhores piadas do filme. Muito pouco para manter o interesse, mesmo que a duração não passe dos 90 minutos. A dupla principal formada por Luke Wilson e Maya Rudolph não é lá muito inspirada, e os próprios textos são bastante óbvios, pois não é muito complicado fazer piada de pessoas de baixo QI.

O filme, portanto, adquire algum valor por causa de sua teoria sobre o emburrecimento populacional, que se analisada mesmo superficialmente tem um fundo de verdade. Com a supervalorização da futilidade, através de ícones estúpidos como Britney Spears e literatura rasa como os livros da série Harry Potter, a geração do “tipo-assim” está fazendo pouco para transformar o mundo para melhor. É uma crítica direta para mim, para você e principalmente aos pais e educadores, os principais responsáveis por tecer o mundo do futuro. Obviamente, o filme de Mike Judge não tem soluções para o problema, apenas o apresenta ao espectador, o que de certa forma é uma atitude fácil de se tomar.

Falando um pouco da parte técnica do filme, simular o mundo daqui a 500 anos não foi difícil para a equipe de produção. Na história de Idiocracy, a tecnologia parou de evoluir em certo ponto e com esse argumento (não muito original, mas eficiente) tudo se parece muito com o mundo do início do século XXI. Obviamente analisar a qualidade científica dos artefatos apresentados no filme é irrelevante para uma comédia desse estilo, mas ainda assim o resultado final ficou pelo menos agradável. Já a direção de Judge é totalmente convencional e não merece maior destaque.

Idiocracy não é exatamente um filme recomendável. Nem para os amantes de comédias, pois não é exatamente engraçado, e muito menos para quem gosta de ficção científica e filmes sobre a vida no futuro, pois não é inovador na apresentação do mundo que cria. Mas é um filme feito para pensar, nem que seja por meros cinco minutos. E por isso, consegue ficar um ponto acima em relação à horrível média das comédias lançadas nos últimos anos no cinema norte-americano.

Comentários (5)

Felipe Ishac | domingo, 14 de Agosto de 2016 - 18:40

Critic Alexandre Koball of the Brazilian website CinePlayers.com, while giving the movie a score of 5/5 along with another staff reviewer, wrote, "Idiocracy is not exactly [...] funny nor [...] innovative but it's a movie to make you think, even if for five minutes. And for that it manages to stay one level above the terrible average of comedy movies released in the last years in the United States."

César Barzine | domingo, 20 de Novembro de 2016 - 18:13

Também tá na Wikipedia brasileira, tomei um susto quando vi

César Barzine | domingo, 20 de Novembro de 2016 - 18:14

Na verdade os dois vão parar no ano de 2505

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