É uma tarefa árdua, ou melhor, foi uma tarefa árdua agüentar lha Rá-Tim-Bum - O Martelo de Vulcano ao longo de todo seu tempo de projeção. Acredite, o filme não é nem tão longo assim, porém, é muito ruim mesmo. Talvez um dos filmes mais fracos que tenha assistido esse ano. E quem realmente me conhece, sabe que não tenho qualquer tipo de preconceito com esse tipo de obra. Pelo contrário, quando criança, era fã assumido da série da TV Cultura, Rá-Tim-Bum. Assistia sempre que podia. Um programa que marcou a infância de muita gente e hoje até deixa um pouco de saudades.
 
Em 1999 foi lançado o primeiro longa metragem baseado na série de TV. Foi um filme bem voltado ao público, mesmo que acompanha a série freqüentemente, até porque o filme não possuía carisma suficiente para atrair novos públicos. Vale, no máximo, uma classificação "regular"; "bom" somente se você for uma pessoa não muito exigente.

Pois bem, a película do final da década passada ainda possuía ao menos carisma suficiente para arrancar algumas boas risadas de uma platéia mais descompromissada. Entretanto, o segundo filme da série quase não consegue repetir esses momentos. Levei meus dois sobrinhos pequenos ao cinema e fiquei pasmo, um deles saiu da sala sem que tivesse rido uma vez sequer. Ainda fiquei super sem graça de perguntar ao final da sessão: "Gostou?" Acho que eu, divertindo-me com a precariedade da produção, acabei me divertindo mais que meus pobres sobrinhos.

O filme de Eliana Fonseca (que de bagagem cinematográfica trás consigo A Revolta de Canudos e Frankstein Punk) conta a história de cinco garotos que aparentemente moram numa ilha e que precisam lutar contra o "terrível" (mesmo) Nefastu (Ernani Moraes, de Bufo & Spallanzani) e impedir que ele encontre o martelo de vulcano, que daria-o incríveis poderes.

No que diz respeito as atuações, bem... Atores de Malhação, meia dúzia de gatos pingados desconhecidos e muito amadorismo. Mas isso é apenas uma confirmação daquilo que você já esperava; não havia como ficar com qualquer espécie de hype não é mesmo!? Então... procure tirar algumas boas risadas com o nível das atuações.

A história realmente é muito bobinha, mal apresentada e mal desenvolvida. Geralmente, como estamos falando de um filme onde 85% da platéia é composta de crianças e os outros 15% por pais de crianças, esperamos ouvir risos forçados aos montes quando, por exemplo, um personagem bate com a cabeça num poste ou um deles começa a falar asneiras ininterruptamente. Dói-me escrever isso (pois já fui um fã da série), mas nem isso a Ilha Rá-Tim-Bum - O Martelo de Vulcano consegue. Você pode contar na mão (isso mesmo, em uma apenas) a quantidade de vezes que esses momentos ocorrem. Claro, isso não é nenhum "medidor de qualidade", mas na falta de algo melhor, risadas forçadas pelo menos tentam manter o ânimo do filme, o alto astral.

O personagem de Moretto desanima. Hipácia trata as pobres crianças como se as mesmas tivessem alguma doença mental degenerativa grave. Uma coisa que sempre me intrigou foi o porquê desses personagens, que parecem mais infantis que o próprio público, persistem em serem colocados nas tramas quando produtoras como a Pixar já provaram que as crianças são muito mais capazes de assimilar personagens com personalidade e atitude.
 
Ah sim! Um ponto positivo: surpreendentemente os efeitos especiais do filme estão melhores que aqueles porcos que são apresentados em finais de novelas da Rede Globo. Já é um ótimo ponto que não poderia deixar de dizer... Eles parecem fluir mais naturalmente ao passo que os efeitos de produções da Globo são regados de superficialidade.

Trilha sonora totalmente apática, praticamente não é utilizada durante todo filme. Uma pena ou um alívio? Quem sabe... O certo é que a melhor recomendação que posso dar a você, caro leitor, é que fique longe e deixe seus filhos longe desse filme. Prefira algo mais saudável como, por exemplo, alugar o DVD recém-lançado de O Rei Leão. Seus filhos agradecerão...