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Críticas

Cineplayers

Sensualidade sem soar como grosseria se mistura coim uma interessante trama humana sobre relacionamentos.

8,5

Infidelidade tinha tudo para ser um daqueles filmes péssimos, com história batida e por outras vezes tanto já contadas. Contudo, o filme prova ser bem mais do que isso. Infidelidade é um filme tenso, com exceção de algumas partes até engraçadas, e, acima de tudo, um filme muito, mas muito sensual.

O filme gira basicamente em torno de três personagens principais:  Edward Sumner (Richard Gere), Connie Sumner (Diana Lane) e Paul Martel (Olivier Martinez). O enredo é simples mas cativa o público. Somos apresentados no início do filme ao casal Edward e Connie Sumner que aparentemente vivem bem e tem um filho pequeno. O casal dá alguns sinais de frieza (aquela velha tecla do casamento caindo na mesmice), mas em nenhum momento há sinal de desentendimento entre ambos. Até que um dia Connie vai para o centro da cidade e, durante uma ventania enorme, encontra Paul Martel, que faz o estilo "garotão francês charmoso com sotaque".

A partir daí o que parece óbvio vem à tona: os dois dão uma trombada, ela se machuca e ele oferece cuidados no seu apartamento que, "por coincidência", é ali ao lado. Os dois trocam telefones e, a partir daí, temos formado o triângulo amoroso que esquentará as telas. É importante ressaltar que a direção de Adrian Lyne foi extremamente competente e hábil durante as gravações dos primeiros encontros entre Connie e Paul - em nenhum momento você sente que aquilo é um romance forçado apenas para dar desenrolar a história (como acontece em Star Wars Episódio 2 - O Ataque dos Clones).

O filme vai melhorando a medida que suas cenas vão ficando cada vez mais sensuais. Edward Sumner acaba descobrindo o affair de sua mulher, e é justamente a partir daí que o filme torna-se interessante. Até a primeira metade do filme, temos a clara impressão que o filme trata-se de um drama melodramático familiar, mas as coisas mudam e, a partir de então, temos uma mudança de gênero, o filme segue como se fosse um thriller ou suspense de boa qualidade - mudança essa que prende o público ao filme e não deixa que o tema fique desgastado.

Diane Lane, que interpreta Connie Sumner, é uma das melhores atrações de Infidelidade, literalmente. Próxima de seus 39 anos, ela é um show de exuberância. As cenas sensuais estão perfeitas e muito bem gravadas (aquela cena no/do corredor não me sai da cabeça). O diretor sabe ser sensual sem ser explicitamente pornográfico (não é a toa que a censura é 16 anos; provavelmente, se o filme caísse nas mãos de um diretor mais vulgar, a censura seria 18 anos). Entretanto, Lane não é apenas mais um corpinho bonito nesse filme, pelo contrário, ela atua muito bem e não se entrega fácil ao amante, uma vez que por mais que ela esteja loucamente atraída por ele, ela ainda pensa em seu marido e filho com carinho. Mas a tentação vence...

Richard Gere está de volta e finalmente atuando em um bom filme. O papel dele no início fica um tanto quanto reduzido, mas a partir da metade do filme, quando seu personagem descobre o affair de sua mulher, ele acaba entrando de uma vez por todas na trama. O modo como ele aborda o amante de sua mulher é muito interessante, provoca risos e pena ao mesmo tempo. A cena que vem a seguir da abordagem (não vou detalhá-la aqui para não estragar o filme de quem ainda não assistiu) poderia ser um pouco melhor trabalhada, afinal, aquele "brinquedinho" cortou como se fosse uma faca "Guinso 2000".

Olivier Martinez ficou muito bem no papel de Paul Martel, um simpático jovem sedutor que conquista Connie Sumner. Aquele sotaque francês caiu muito bem ao ator que podia ter sua participação estendida. Mas quem realmente surpreendeu foi o pequenino Erik Per Sullivan que faz o papel de filho do casal Connie & Edward. O garotinho tem talento e não fica apenas na superficialidade de apenas mais um rostinho bonito. O cinema não se conteve em risadas com aquele: "Não se preocupe mamãe.... Amanhã o papai está de volta".

Vale lembrar também que Infidelidade é um remake do filme francês La Femme Infidele, que foi originalmente gravado por Claude Chabrol. O filme atual conserva alguns de seus elementos originais (alguns até mesmo já citados) como o sotaque e estilo francês do personagem Paul Martel.

O desfecho do filme é deixado em aberto por aquela seqüência final onde eles planejam o que iriam fazer a partir de então. Bem, não vou estender-me mais. Infidelidade é um ótimo filme para você amarrado em um drama/suspense, mas que podia ter um final melhor trabalhado. As cenas sensuais são um show à parte. Se gostaram do filme e quiserem procurar por algo parecido, tentem Um Crime Perfeito, com Michael Douglas, Gwyneth Paltrow e Viggo Mortenssen.

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