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Críticas

Cineplayers

Refilmagem atualizada de clássico do terror é bastante clichê, mas proporciona boa dose de diversão.

6,0

Invasores pode ser analisado sob duas perspectivas distintas: como um simples suspense, que é a perspectiva pela qual a grande maioria do público analisa o filme; ou como uma refilmagem de um ótimo filme dirigido por Don Siegel (Perseguidor Implacável) em 1956, Vampiros de Almas (há, porém, outras refilmagens deste clássico antes desta aqui), pela qual os cinéfilos mais ardorosos julgarão o filme. Adoro o filme de 1956 e pessoalmente detesto, de forma geral, refilmagens, então assisti ao filme completamente cético em relação à sua qualidade. Saber que o filme foi muito mal nas bilheterias e com os críticos americanos não ajudou em nada. No final das contas, porém, o resultado foi ligeiramente positivo, e descreverei o porquê a seguir.

Considerando Invasores sob a perspectiva de uma refilmagem, ao mesmo tempo em que é um filme falho, por não conseguir criar o mesmo nível de suspense que o trabalho de Don Siegel, esta versão surpreende por trazer uma roupagem “século XXI” à história, que não soa em absoluto forçada ou não-natural. Temos uma criança com pais divorciados; ela, Carol (Nicole Kidman), ganhando a vida em um moderno consultório de psiquiatria ao mesmo tempo que começa a sair com outra pessoa (Daniel Craig). Enfim, o filme gasta uma parcela de seu tempo para desenvolver esse cenário, e as coisas ruins só começam a acontecer perto de sua metade.

Considerando Invasores sob a perspectiva de um suspense, este é um trabalho também bastante decente, por conter momentos tensos, sobretudo próximo ao seu clímax, quando a maioria da população já está dominada pelos tais invasores. O mundo ao redor de Carol vai ficando cada vez mais e mais sufocante, e a direção competente de Oliver Hirschbiegel (da obra-prima A Queda, aqui dirigindo seu primeiro filme falado em inglês) consegue manter o suspense, fazendo muitos duvidarem que a jornada da mulher terminará bem. Não é de forma alguma um suspense maravilhoso, mas há um nível de tensão razoável para manter quem gosta do gênero (e consegue ignorar as falhas no roteiro que serão comentadas abaixo) preso ao filme.

Vale lembrar que Hirschbiegel ganhou uma mãozinha de James McTeigue (V de Vingança) para dirigir o filme. O motivo disso é que o estúdio não gostou do corte original (de 2006) e contratou McTeigue para filmar cenas adicionais. Certamente deixaram o filme mais comercial, palpável para o grande público. Ainda assim, Invasores foi um enorme fracasso nas bilheterias. Os críticos americanos detestaram. Em parte porque Nicole Kidman e suas excessivas plásticas faciais (dizem!) viraram alvo de quem não tem nada melhor para fazer do que julgar os outros. A atriz está pelo menos adequada em seu papel e, embora este filme não seja um grande desafio, ela consegue, através de suas expressões de medo e angústia, manter a tensão em níveis razoáveis, com a ajuda do roteiro bem costurado para este fim.

Como não poderia deixar de ser, considerando o gênero do filme, há momentos quase embaraçosos proporcionados pelo roteiro. Tudo é muito conveniente para facilitar ou dificultar a vida da protagonista, criando saídas fáceis para situações aparentemente engenhosas ou complicando onde não haveria necessidade de complicar. Essas características são inerentes ao gênero e no cinema contemporâneo são totalmente aceitas pelo público, mas que cansam, isso não há dúvida. Tecnicamente o destaque é a fotografia urbana límpida e de cores agradáveis, bastante suaves. A parte ruim foi a inclusão de cenas em computação gráfica de muito mau gosto, dando ao filme, em determinados momentos, cara de série de televisão.

De forma geral, o que salva Invasores é o fator diversão. Se esquecermos comparações com as versões anteriores desta mesma história, o filme sobrevive bastante bem como um suspense razoavelmente tenso. E mesmo partindo para comparações, pode-se dizer que a transposição da história para os dias atuais ocorreu de forma natural – é a mesma história, mas não tenta copiar o original cena-a-cena. Ora, se é para fazer uma refilmagem, que sejam minimamente inovadores. Invasores faz isso, de forma tímida, mas suficientemente boa para justificar uma nova versão de uma velha história. Dispensável, mas divertido!

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