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Críticas

Cineplayers

Um suspense que tenta surpreender o espectador com um final à lá O Sexto Sentido... mas não consegue!

5,0

Mais uma adaptação de Stephen King nos cinemas. Mais uma de suas histórias envolvendo o sobrenatural com boas doses de suspense. As obras do autor já renderam algumas obras-primas (ou quase isso), como Um Sonho de Liberdade, O Iluminado, Conta Comigo e À Espera de um Milagre. Por outro lado, também renderam inúmeras bombas, como O Apanhador de Sonhos e Trocas Macabras. Janela Secreta, infelizmente, fica mais para o segundo grupo, embora tenha elementos muito interessantes e um nível de suspense bastante alto, até porque o diretor David Koepp já tem experiência anterior no gênero com Ecos do Além e O Efeito Dominó, sendo que o primeiro filme  tem algumas cenas muito assustadoras.

O grande problema do filme é que ele se apóia totalmente no final. Toda a história de Janela Secreta parece ser uma grande preparação para um final que, espera-se, seja revelador e surpreendente. Não há problema nenhum com esse tipo de estrutura, desde que o final seja realmente bom. Não é esse o caso, já que os acontecimentos são bastante previsíveis e até mesmo ridículos. São na verdade uma solução fácil para o roteiro, que já foi utilizada dezenas de vezes antes no gênero, o que é uma grande sacanagem, já que toda a preparação para esse final é muito interessante e filmada de maneira competente, com algumas cenas tensas e chocantes.

A história é bacana, bem ao estilo do escritor Stephen King: Mort (Johnny Depp) é um escritor que, certo dia, é acusado de plágio por um estranho caipira que bate à sua porta, interpretado de forma bem competente por John Turturro. John (ator e personagem têm o mesmo nome) é um cara misterioso pacas, aparecendo do nada para atormentar a vida de Mort, que está passando por uma fase pessoal horrível, devido à recente separação com sua esposa, além do fato de estar emperrado no seu novo livro. Enfim, sua vida torna-se um inferno, e ele é ameaçado de morte, caso não reconheça que roubou a história de John.

As perguntas que são feitas pelo espectador durante todo o filme é o que tornam a experiência de assistí-lo muito interessante. Será que Mort é realmente um plagiador? Se não, por que a insistência de John ao dizer que ele teve sua obra copiada? Qual a relação do novo namorado de sua esposa com esse misterioso caso? No final, as respostas são insatisfatórias e totalmente desmotivadoras, acabando com qualquer senso de diversão que o filme havia proporcionado até aquele momento. Em relação ao título do filme, à primeira vista parece que ele não faz muito sentido: uma “janela secreta” é mostrada de forma rápida e que não tem relação importante com a história principal. Porém, este título serve mais como referência simbólica ao comportamento do personagem de Depp ao longo do filme, mas isso só pode ser notado após a revelação “surpreendente” do final que, obviamente, não estarei revelando aqui.

Johnny Depp, no auge de sua carreira agora, após o sucesso estrondoso de Piratas do Caribe, mostra-se novamente um ator competente, embora seu papel aqui lembre muito o do também irregular O Último Portal, de Roman Polanski, pelo caráter de mistério que ronda o personagem. Turturro é outro ator de talento, mas que fora dos filmes dos irmãos Coen (Ajuste Final e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, por exemplo) é geralmente sub-aproveitado. Aqui ele tem chance de demonstrar um pouco desse talento, embora seu personagem seja o mais prejudicado pelo final ruim do filme. Já a parte da direção, que já foi comentada rapidamente antes, pode ser considerada como um trabalho muito competente, proporcionando um suspense bem amarrado e muitas vezes tenso e perturbador, com imagens bonitas e uma narrativa que funciona muito bem, mantendo o interesse dos amantes do gênero pela expectativa do final.

É apenas uma pena que esse final não apresenta nada de novo e não funciona mais, pelo menos não depois da era pós-O Sexto Sentido (não, o personagem de Depp não está na mesma situação que o personagem de Bruce), onde uma avalanche ocorreu no gênero com tentativas de segurar o espectador pelo medo e por tentativas de repetir um novo final-surpresa de tanto sucesso quanto o da obra-prima de Shyamalan. Claro que a culpa aqui é provavelmente mais do autor da obra original, o sr. King, do que do roteiro (embora eu não tenha lido o livro, e não saberia dizer se houveram mudanças profundas em relação aos textos originais). A verdade é que ele vem se reciclando há muito tempo com temas que ele mesmo popularizou, ou pelo menos ajudou a popularizar. De qualquer forma, ainda assim posso recomendar A Janela Secreta para quem curte o gênero, talvez você até curta o final, ao contrário de mim.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 02 de Dezembro de 2013 - 13:42

Confesso que o final se torna previsível, mas acho o filme muito bom!

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