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Críticas

Cineplayers

Continua a mesma bobagem de sempre: sem história e muitas tripas expostas. [2]

1,0

Extra! Extra! A notícia que de longe não é novidade: Jogos Mortais 7 continua de onde o último parou (sim!), não acrescenta nada ao nada (exato!), sendo basicamente a mesma coisa dos últimos seis filmes da série. Apesar de ter uma boa base de fãs que certamente não concordariam com tais afirmações, filmicamente falando o capítulo "final" (que – quanta enganação! – de final não tem nada), é de um vácuo total. Mas há, dessa vez, um leve teor de novidade pelo menos: a inclusão do 3D à série e a inclusão do filme no gênero da auto-paródia, trazendo pelo menos um pouco de humor em meio a tantos órgãos expostos, sangue e crueldades sem justificativa.

A história é a mesma, envolvendo policiais, flashbacks que tentam encaixar novos elementos à "saga" de Jigsaw, que surgem do nada e, principalente, os jogos. Acredito que a grande maioria das pessoas insiste em acompanhar a série pelos jogos, pelo sangue e pela violência. Aqui eles já estão mais repetitivos do que nunca e o diretor Kevin Greutert e os roteiristas Melton e Dunstan (o mesmo trio do sexto capítulo) pareceram estar sem grandes ideias, entregando um conjunto de cenas que se assemelham demais a vários capítulos anteriores em uma estrutura da mesma forma semalhante. Não há justificativa para o tal "final" da série, funcionando esse subtítulo (que está no nome do filme em inglês também, ou seja, dessa vez não foi culpa da distribuidora brasileira) apenas como uma baratíssima jogada de marketing. Aparentemente deu certo, pois eles já arrecadaram mais do que o anterior apenas com duas semanas em cartaz.

Como já aconteceu recentemente com a cinessérie Premonição, Jogos Mortais acabou aderindo ao 3D, apenas para se tornar pior. Além das cores parecerem lavadas em uma tela de cinema convencional, o mesmo problema de Premonição 4 (Final Destination: Death Trip 3D, 2009), há excesso de cenas gratuitas envolvendo objetos sendo arremessados para o canvas ou armadilhas mortais sendo disparadas na direção do espectador, fazendo que algo que deveria ser sério (como o original, de 2004) torne-se uma brincadeira para o público. E brincadeira é o que se assume este "O Final", ao trazer cenas cômicas – algumas deliberadas (a sequência da metralhadora automática, por exemplo) e outras involuntárias, fruto das interpretações pífias da maioria do elenco e da direção sem peso e personalidade alguma de Greutert.

No final das contas, a sensação que este sétimo capítulo passa é o de ser quase uma paródia dele mesmo. Isso fica muito evidente no jogo que inicia o filme, sem sentido algum dentro do contexto de toda a série até ali, feito em público no centro da cidade, para o prazer mórbido de seus espectadores que, mesmo enojados, não conseguiam tirar os olhos da aflição dos jovens dentro do vidro inquebrável. É quase como o público do filme, quase como uma droga: ruim, mas difícil de ser evitada. Não é à toa que o sucesso do primeiro filme rendeu esse número de sequências e inspirou novamente  (pois filmes com aquele nível de violência existem desde a década de 1970 no cinema) diretores a filmarem esse tipo de cinema, de forma cada vez mais banal. Na realidade, os fãs de Jogos Mortais que ainda não o fizeram, deveriam experimentar pérolas verdadeiras como Aniversário Macabro (The Last House on the Left, 1972) , de Craven, para ver cinema tenso e cruel com peso.

Há, claro, quem veja aqui uma série de cinema intrincada, cheia de pequenas complexidades e personagens ricos, além de finais sempre surpreendentes. Mas a sensação que continuo tendo ao acompanhar Jogos Mortais é a de que ele é escrito por jovens em início de faculdade de cinema, sem habilidade em especial, filmada em modo automático (como se não houvesse um ser humano por trás das câmeras, e sim um robô) e sem determinação alguma para inovar. Há certo talento em algumas cenas envolvendo corpos – a maquiagem é muito boa quando consegue esconder que os restos humanos são, na realidade, borracha, o que nem sempre acontece – e aí o filme vira novamente uma paródia. Só espero que não entrem na moda e pensem em um reboot para a série. Ninguém precisa disso.

Obs.: logo antes do lançamento, do título original do filme foi removido a palavra "Final", para ficar somente "Saw 3D". O título nacional, porém, manteve o subtítulo original em inglês. Uma mostra de que nem sequer os produtores sabem o que querem com a franquia.

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