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Críticas

Cineplayers

O quociente de inteligência da série continua indo ladeira abaixo.

2,0

Pela engenhosidade de seu vilão, Jogos Mortais virou franquia de sucesso veloz, contando hoje com uma enormidade de fãs ávidos por sangue e mortes fenomenais. O terceiro filme da série abandona qualquer tentativa de manter uma história lógica ou coerente e parte para mostrar sangue, vísceras e miolos como poucos filmes já o fizeram no cinema. O auto-orgulho em mostrar cenas violentas é bem perceptível – certamente o diretor Bousman tem um pacto com o Demônio, se este existir.

Isso não é necessariamente ruim. A violência no cinema, como já afirmei anteriormente, não é um mal tão grande assim. As pessoas podem divertir-se com ela, até porque é melhor ela permanecer dentro das telas do que na vida real. O grande problema dessa porcaria de filme é justamente não conseguir justificar tal violência com um roteiro interessante ou minimamente coerente – algo que o segundo capítulo da série já tinha feito. Se o primeiro Jogos Mortais tinha uma história fluente e natural, o segundo abandonou a lógica e desdenhou da inteligência do espectador, ao arquitetar uma reviravolta conveniente demais e forçada ao extremo. As coisas aparentemente se encaixavam, é verdade, mas somente na base da martelada.

Aqui, no terceiro da série (esta que parece que não terá fim) essa característica negativa é aumentada em várias vezes. Aqui não só todos os acontecimentos são forçados demais, como o roteirista Leigh Whannell utiliza-se de um recurso totalmente apelativo (os flashbacks) para tentar costurar uma tentativa de história e dar valor aos seus personagens, unindo acontecimentos dos três filmes. O pior é que, ao contrário do segundo filme, onde tudo era ridículo, porém divertido, nesta nova seqüência o filme simplesmente não possui ritmo regular, e seu último ato é simplesmente abominável e desinteressante – repare no ato do diretor de jogar centenas de efeitos sonoros no ouvido do espectador para tentar impressionar e trazer emoção às cenas enquanto a historinha, previsível, vai sendo contada.

O público fiel que não se importa muito com história e quer ver sangue poderá sair vibrando do cinema, pois este é o filme mais violento da série, de forma disparada. Ainda assim, isso não é cinema real, apenas um amontoado de cenas que passam à frente do espectador em uma montagem horrorosa de vídeo-clipe (o que tira a tensão de 90% das cenas), recurso que já foi utilizado inconsequentemente no segundo capítulo e foi ainda mais [mal] empregado neste terceiro. É uma espécie de anti-terror. Sim, Jogos Mortais 3 não é um filme de terror, é um filme de ação extremamente violento, e só!

Jigsaw continua endeusado. Enfraquecido e de cama, ganhou uma ajudante 24 h e seqüestrou outra moça para mantê-lo vivo enquanto vê seu plano acontecendo, o que prejudicará mais um pobre, estúpido e infeliz coitado. Ainda que tal plano seja na realidade ridículo e non-sense total, suas expressões e a frieza com que vai enfrentando seus oponentes é fato a ser destacado e um único fator que ajuda o filme de forma positiva. Obviamente sua moral é estapafúrdia – brincar com a vida das pessoas somente por que estas são imperfeitas, sendo que ele é o maior imperfeito de todos por fazer isso. Espera-se apenas que ninguém leve esse exemplo a sério.

Jogos Mortais segue o ritmo de descida da série em termos de qualidade. Já não deveria poder ser considerado cinema, e agora tornou-se uma droga extremamente ofensiva por julgar seus espectadores débeis mentais, ao mesmo tempo em que estabelece novos limites para a violência popular a que os adolescentes estão acostumados a assistirem (e o fato do filme ter censura alta não muda isso nem um pouco, pois quem quer acabará assistindo ao filme). E o quociente de inteligência continua ladeira abaixo...

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