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John Carter - Entre Dois Mundos

(John Carter, 2012)
5,7
Média
177 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

O resgate de um personagem criado há 100 anos.

6,5

Não surpreende que muita gente saia da sessão de John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter, 2012) pensando que já viu isso ou aquilo antes. É natural, fica difícil não se lembrar de tantos outros projetos, como Gladiador (Gladiator, 2000), Avatar (idem, 2009) ou 300 (idem, 2007). Não só pelas cenas de combate, mas pela trajetória de seus personagens centrais, bem como seus costumes e passados. Porém, esse tal John Carter possui uma existência longa, pois já tem um século. O personagem foi concebido em 1912 por Edgar Rice Burroughs, o mesmo que criou Tarzan. A obra já foi alvo de adaptações cinematográficas, mas essas fracassaram. Portanto, o ar de reciclagem termina aí. “John Carter” é original, um ícone que finalmente ganhou vida nas telonas e que terá, provavelmente, militantes em sua defesa.

O título original da obra era “John Carter of Mars”; esse que se despedaçou, ficando apenas com “John Carter”, ganhando ainda um subtítulo, “Entre Dois Mundos”, Terra e Marte, os dois universos em que a história se desenrola. Um homem está em busca de uma caverna com ouro, sem nada a perder e atormentado por lembranças familiares. Ele se revela um fora da lei em solo western, o que de imediato nos apresenta suas habilidades acrobáticas e potencial de fuga. Num ato, ao fugir de uma tribo indígena, acaba chegando até essa caverna e se depara com um ser sobrenatural responsável por levá-lo a Marte!

A ambientação marcada por um cenário deserto, próprio para expor o planeta vermelho rochoso, é um diferencial neste trabalho de Andrew Stanton, famoso roteirista e diretor da Pixar (ele tem no currículo WALL·E [idem, 2008] e Procurando Nemo [Finding Nemo, 2003], além de ter escrito a trilogia Toy Story). John Carter é o primeiro filme de Stanton longe das animações, embora não se desprenda das técnicas dos estúdios e dos efeitos especiais magnânimos, além da direção artística marcada pela fantasia. Marcianos, ou melhor, os Tharks, são elaborações interessantíssimas da produção, constituídos como seres verdes e enormes com 4 braços. Outros monstros concebidos detalham as criaturas no planeta, sempre veiculadas a algum tipo de exagero: patas, velocidade, força.

Se a elaboração técnica do longa é um primor, o roteiro mastigado é simplista, algo que talvez não deva ser encarado como um aspecto negativo da produção. Devido à diversidade de longas que sugeriram coisas em comum, reduziu-se quase toda a novidade de John Carter a quase zero, restando poucos e inspirados momentos. O diretor esbanja familiaridade com a técnica em CGI, compondo figuras genuínas. A execução das diferenças entre os planetas também é um ponto interessante na trama: a chegada de John Carter a Marte e sua adequação com a diferença gravitacional rende piadas entretidas, igualmente quando tenta comunicar-se com os estranhos habitantes, rendendo-lhe temporariamente um outro nome: Virgínia, nome de sua terra.

Funcional com o público jovem, John Carter diverte enquanto procura elaborar assuntos mais sérios. Piadas não faltam, centradas justamente no herói e num monstro carismático, uma espécie de cão de guarda marciano. No percurso sugerido pelo roteiro, somam-se situações: intrigas entre tribos, um casamento favorecendo trégua entre povos e um passado amargo de seu protagonista, vivido pelo pouco conhecido Taylor Kitsch (o Gambit de X-Men Origens: Wolverine [X-Men Origins: Wolverine, 2009]).  No elenco também estão Willem Dafoe como Tars Tarkas, o líder da tribo dos já mencionados Tharks; Dominic West com faceta do subordinado Sab Than; e Mark Strong, novamente encarnando um vilão. Naturalmente, Carter vive um romance, como não poderia faltar: a musa da vez é a texana Lynn Collins, com uma silhueta libidinosa exibindo o corpo em forma e avermelhado.

Ansiando e prometendo ganhar a atenção de uma geração, John Carter se revela um projeto eficaz, porém modesto no que diz respeito a sua história e dimensão. Tem suas limitações narrativas e planos demasiadamente cadenciados, o que torna a condução por vezes vagarosa e insossa. Sua duração já denunciava isso, todavia, o humor vem balancear e aliviar esse arrasto. É diversão quase garantida, ainda mais para os fãs de universos fantásticos e conflitos épicos. É bom, também, para revitalizar uma produção perdida e trazer definitivamente um antigo herói da literatura para os cinemas e ganhar fortunas com ele.

Comentários (2)

Cristian Oliveira Bruno | quinta-feira, 28 de Novembro de 2013 - 17:42

Um desastre entre dois mundos. Esperava muito desse filme. Que decpção!!!! Nem consegui assistir todo. Dormi na sessão e depois dormi com o DVD.

Robson Oliveira | domingo, 03 de Fevereiro de 2019 - 16:26

Sou o único que gostou desse filme? Achei divertidíssimo. Talvez por que não esperava nada do mesmo.

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