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Críticas

Cineplayers

Bem diferente do volume I, Volume II acaba sendo apenas divertido, e nada mais.

7,0

Após toda a expectativa gerada ao final do Volume 1, somado ao grandioso atraso de lançamento da continuação do filme no Brasil, finalmente “Kill Bill: Volume 2” pôde ser conferido. Os fãs de Quentin Tarantino saberão, enfim, todas as respostas que o maravilhoso Volume 1 deixou em aberto. E Tarantino, como já era esperado, coloca um ponto final em cada dúvida, e ainda nos reserva algumas boas surpresas.

Mas a estrutura do Volume 2 é bem diferente do primeiro, o que pode contrariar alguns. Se na primeira parte havia ação em profusão, sangue jorrando para todo o lado e referências a torto e a direito, com a adrenalina correndo solta durante toda a projeção, Tarantino muda todo o ritmo do segundo ao fazer um filme "tradicional", com um andamento mais lento, menos histérico, e sua habitual verborragia finalmente vem à tona. E, se no primeiro episódio tínhamos combates sanguinários em seqüência, aqui só temos uma grande batalha: A Noiva (Uma Thurman,) - que aqui finalmente ganha um nome real, contra Elle Driver (Daryl Hannah), no combate mais sujo, forte e real de todos (o diretor cita “Jackass”, aquela série da MTV protagonizada por Johnny Knoxville, como referência). E, ao final da luta, o público vai ao delírio, como era de se esperar.

O segundo filme também reserva bons momentos cômicos. É mostrado o treinamento da Noiva com o velho mestre oriental Pai Mei (Chia Hui Liu, veterano dos filmes de ação orientais, que aqui assume o pseudônimo Gordon Liu) - que além de apresentar boas cenas de ação (e, propositalmente, alguns clichês habituais dos filmes de artes marciais - impossível não se lembrar dos velhos filmes de Jean-Claude Van Damme, que já eram cópias dos famosos filmes de artes marciais do Oriente) ainda nos rende boas gargalhadas. Como não rir quando Pai Mei brinca com sua barba longilínea?

O maior problema de Kill Bill Volume 2 é exatamente o seu antecessor. Ao assistirmos a primeira parte, ficamos com água na boca esperando uma continuação tão, ou mais incrível. Mas Tarantino optou por deixar na segunda parte todo o desenrolar verdadeiro da trama, o que acaba tornando o filme mais convencional, mais linear, o que infelizmente a grande maioria não esperava. Os dois filmes são tão díspares, tanto em forma quanto em conteúdo, que fica difícil acreditar que o filme fora planejado para ser um só. Outra questão desapontadora é o aguardado encontro entre A Noiva e Bill. Neste encontro esperávamos algo que entrasse para a história, um grande embate, mas isso não acontece. Não entrarei em maiores detalhes para não estragar a surpresa, mas todas essas diferenças acabam nos deixando um pouco desapontados, tornando este um pouco inferior ao seu antecessor.

Mas, ao final dos dois episódios, fica a sensação de termos visto o renascer de Uma Thurman, que finalmente se firmou como grande estrela em um papel difícil e marcante. E de Tarantino, que calou a boca de todos os que falavam que ele estava esgotado criativamente, que sua carreira tinha acabado. Ele provou que sabe tudo de cinema e mais um pouco. Kill Bill está aí para provar a inegável influência deste cara que revolucionou o cinema na década passada e que continua sendo importantíssimo para este ramo do entretenimento, tão carente de personalidade e renovação. O cinema de Tarantino é assumidamente pipoca, mas essa pipoca é mais que gostosa.

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