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Críticas

Cineplayers

Um filme que erra em tudo o que tenta criar, seja nas paisagens, nas cenas de ação ou nas piadas do filme.

2,0

É difícil imaginar Pierce Brosnan hoje, envolvido em algum projeto que não haja aventura, espionagem, mulheres sensuais ou qualquer outro ingrediente do gênero ação. Infelizmente, o ex-007 vê-se diante de tão poucas opções que acaba por embarcar em projetos mal-sucedidos e pouco inteligentes, de direção relapsa e roteiro sofrível, como é o caso de Ladrão de Diamantes.

A película aborda a aposentadoria de Maxwell Burdett (Pierce Brosnan) e Lola Cirillo (Salma Hayek). Depois de um roubo muito bem realizado, o casal parte para a Ilha Paraíso, onde possa descansar em paz. Entretanto, o agente do FBI Stan Lloyd desconfia da inatividade do casal e dirige-se ao local, a fim de conferir de perto a suposta inatividade dos dois.

Um navio de cruzeiro, chamado Diamond Cruise, está ancorado numa região próxima, e Maxwell, convencido de que esta é outra chance para um roubo bem-sucedido, vê-se tentado a furtar o diamante que se encontra a bordo. Difícil é saber se a missão será cumprida, uma vez que há um agente do FBI nos arredores...

É uma pena que, com um enredo desses, o filme desperdice tanto potencial. Pierce Brosnan e Salma Hayek são bons atores, como se comprova em seus trabalhos anteriores, mas em Ladrão de Diamantes simplesmente não há o que ser explorado por eles. Seus papéis são superficiais: ele, o espião de sempre; ela, a sedutora sem personalidade de sempre, em sua interpretação mais frustrada. O mesmo pode se dizer das outras personagens: Stan Lloyd (Woody Harrelson) é um enorme alvo de zombarias sem sentido, enquanto Sophie (Naomie Harris), sua parceira, é uma policial construída com base em intermináveis estereótipos.

Como se não bastassem os clichês, a trama quase não tem conteúdo. Por se tratar de um filme que poderia ser resumido em um curta-metragem, há inúmeras cenas desconexas, como, por exemplo, as longas tomadas mostrando paisagens paradisíacas, as longas tomadas mostrando cenas intermináveis de beijo, as longas tomadas mostrando o suposto vilão do filme em situações desconcertantes e, teoricamente, engraçadas, e outras inúmeras longas tomadas que não fazem o menor sentido.

Os estreantes Paul Zbyszewski e Craig Rosenberg ficaram encarregados pelo roteiro, que, para combinar com o resto do filme, é confuso e altamente risível. O enredo muitas vezes perde rumo e ritmo, deixando-se levar por diálogos sofríveis e cenas mal-dirigidas. As personagens muitas vezes mantêm umas com as outras relações confusas, cujos propósitos são explicados (não tão bem assim) perto do fim do filme. As cenas engraçadas, que seriam o único aspecto mais interessante da película, são absolutamente frustrantes, com piadas batidas, sem graça e que teriam feito um enorme favor se simplesmente não estivessem lá. Além disso, o filme copia sem escrúpulos várias cenas de outras fitas do gênero, como Indiana Jones.

Se o uso da câmera fosse inteligente, o filme teria ganhado muito em termos de fotografia. Os cenários escolhidos são belíssimos, mas as tomadas que os apresentam simplesmente não se encaixam na estrutura da película - ou por serem longas demais, ou por serem dispensáveis. Existe, às vezes, uma enorme preocupação em exibir a tonalidade do oceano, ou a beleza grandiosa da ilha, ou os quartos luxuosos do hotel; uma preocupação desnecessária, para um filme que deixou passar inúmeros erros. Quanto à trilha sonora, uma curiosidade: está presente uma música de Rita Lee e Luiz Sergio, "Agora só falta você", na voz da intérprete Maria Rita.

A cena do roubo do diamante, o provável clímax do filme, passa rápido, é simples, descomplicada e acontece do jeito mais clichê possível. Maxwell milagrosamente não leva nenhum tiro, despenca da tubulação e cai de mau jeito num vaso sanitário, saindo ileso do banheiro. Numa cena mais verossímil, ele certamente teria sido apanhado pelo sistema de segurança do navio.

Ladrão de Diamantes é um filme claramente comercial. Cheio de falhas e cheio dos absurdos típicos do gênero, a película teria sido melhor se tivesse construído personagens mais interessantes e cenas mais plausíveis. Pelo visto, Pierce Brosnan, Salma Hayek e toda a equipe de produção terão mesmo de se aposentar.

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