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Críticas

Cineplayers

Mais uma seqüência que vira uma bomba em 2003. Nem o charme e carisma da protagonista conseguiram salvar o filme.

3,0

Logo depois que assisti ao filme original que deu origem a este ‘Legalmente Loira 2’, fiquei impressionado. Digo isso porque o filme conseguira deixar pra trás todos os preconceitos ao redor de si mesmo e, obviamente, firmar-se como uma boa comédia. Porém, mesmo e ainda assim no original, a situação era delicada. O filme possuía uma história que poderia ser muito bem taxada de diversas formas, negativamente falando. Apesar disso, a atriz Reese Witherspoon conseguiu um feito pra lá de surpreendente: carregar o filme nas costas. Sim, o primeiro filme só foi um sucesso por sua causa e hoje, como conseqüência direta disso, temos mais uma seqüência fraca de uma produção que já tinha graves pontos fracos no passado.

Novamente voltando ao passado, quando iniciei uma breve análise de ‘Legalmente Loira’ há alguns anos atrás, comecei com os seguintes dizeres: “Estou surpreso”. Mas de alguma forma, agora, a situação é completamente a oposta. Digo isso porque a película que aqui debatemos já era considerada um erro antes mesmo de sair dos papéis. O roteiro deste filme é simplesmente um dos piores que já vi em anos e, modéstia à parte, já assisti muitas comédias e comédias românticas ruins, e aposto que vocês, leitores, também. Realmente é um ponto que devemos nos questionar, até que ponto o frágil sucesso de um filme pode impulsionar o lançamento de outro? A pergunta parece não ser respondida nos dias atuais, ou simplesmente “não querem” respondê-la. Até porque não parece muito viável aos grandes estúdios norte-americanos responder a essa questão. Notamos isso ao vermos, cada vez mais e mais, o lançamento de seqüências que tentam “pegar onda” de público e arrecadação dos filmes verdadeiramente originais. Caso você não consiga visualizar esse cenário com ‘Legalmente Loira 2’, tente outro por exemplo, como a “série” ‘Débi & Lóide’, que acabou de ganhar uma “adorável” seqüência, considerada por muitos como o pior filme do ano.

Um dos primeiros erros do filme foi manter sua atriz principal enquanto verificou-se uma mudança significativa na cadeira do diretor da produção. Robert Luketic fora substituído por Charles Herman-Wurmfeld (de ‘Beijando Jessica Stein’). O segundo principal erro é referente ao enredo da película. Como pode um roteiro ruim desses ter tido o aval da MGM para que as filmagens fossem iniciadas? Digo ruim, mas os menos pacientes chamarão o roteiro de um verdadeiro “aborto da natureza” mesmo, enfim...

Bem, já que estamos contornando o assunto que é um dos pontos fracos mais visíveis do filme, vamos a ele: o roteiro. O filme entra um passo adiante na vida de Elle Woods (Reese Witherspoon, de ‘Segundas Intenções’) e agora a moça encontra-se bem empregada numa firma de direito e é noiva de seu par romântico com quem terminou no filme original, o jovem professor de Direito Emmet (Luke Wilson, de ‘As Panteras’). Elle então começa os preparativos para o seu casamento e logo procura um detetive particular para resolver um empecilho. Ela pede ao detetive que descubra onde está a mãe verdadeira de seu cão. Pronto! O filme gira todo em torno dessa premissa absolutamente patética, mas esperem, há mais...

Cerca de 15 minutos após falar com o detetive, o mesmo aparece no escritório de Elle dizendo que descobriu que a mãe de seu cão estaria sendo mantida numa fábrica de cosméticos para que fosse parte de um experimento. A extrovertida moça tenta fazer de tudo para convencer os donos de sua firma onde trabalha a fazer um acordo com a empresa (que era cliente da firma) para que eles liberassem os animais. Não obtendo êxito em sua tarefa, Elle é demitida e resolve ir para Washignton D.C., sozinha, para aprovar uma lei no congresso norte-americano contra a utilização de animais em experimentos como aquele.

Dói dizer isso mas, infelizmente, nem mesmo Reese Witherspoon salva-se dessa decepção. A personagem dela que outrora fora carismática, extrovertida e simpática, agora é apenas uma mocinha com características levianas e não mais chama atenção por seu lado psicológico absolutamente desequilibrado, mas sim por seu jeito completamente espalhafatoso de se vestir. O primeiro filme possuía essa química em conjunto fazendo Witherspoon brilhar e divertir em tela, entretanto, aqui, ela não consegue mais nada além de poucas risadas forçadas e algumas até mesmo constrangedoras, ri-se mesmo da precariedade da produção, principalmente, volto a lembrar, do roteiro.

Bem, se nem a própria estrela principal do filme está em seus dias mais inspirados, o que dirá os fraquíssimos coadjuvantes? Acho que os únicos que realmente se salvam são aqueles que não tentam se passar por engraçados, esses conseguem passar desapercebidos numa boa (como o cara que trabalhava no hotel em que Elle hospedou-se em Washington)... Do mais, Luke Wilson puxa o time dos medíocres coadjuvantes. E bota mediocridade nisso, com direito até ao retorno de ‘Jennifer Coolidge’ ao elenco. Não lembra dela? Deixe-me ajudar, uma pista ai vai: mãe do “Stifler” em ‘American Pie’... Realmente, não tinha como dar certo.

Até mesmo a trilha sonora, engraçada no primeiro filme, foi pra lixeira. Músicas do grupo “Hoku” como “Perfect Day” faziam completamente o clima da primeira película. Nessa continuação não temos nenhuma sequer que chame atenção durante os longos 95 minutos de duração da fita.

É realmente uma pena esse filme ter dado tão errado? Ao meu ver não, porque ele nem ao menos deveria ter saído do papel; os produtores da MGM que autorizaram isso deveriam ser seriamente advertidos ou, pro bem da humanidade, demitidos. O filme foi um fracasso absoluto de público e crítica como era de se esperar. Mas ainda assim deixo mais uma vez minha recomendação aqui: fique longe!

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