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Críticas

Cineplayers

Um final para enganar espectador menos crítico.

3,5

O protagonista de Lembranças, o ator juvenil Robert Pattinson, está em alta, mas o garoto-sensação do momento só está alçado a este patamar por ser o intérprete do vampiro Edward na saga Crepúsculo. E é apenas sua presença na tela que tem feito este fraquíssimo filme não ser esquecido pelo público, principalmente pelos adolescentes enlouquecidos pela beleza (?) do rapaz.

O filme já começa desastroso. A cena de abertura, que mostra a personagem de Emilie de Ravin (a Claire, da telessérie "Lost") quando criança na plataforma do metrô ao lado de sua mãe, não consegue fazer surtir o efeito desejado pela obviedade do acontecimento que se desenha, culpa da câmera gradativamente lenta e da trilha sonora que já soa melodramática. Após a curta introdução, o tempo avança dez anos e Tyler Hawkins (Pattinson) logo surge na trama para se envolver em uma confusão sem nexo. A ação com toques de heroísmo do rapaz é inverossímil, já que não havia a mínima razão para que ele se metesse naquela confusão e, ao mesmo tempo, arriscasse a integridade física daqueles que estavam com ele. A linha “menino justiceiro” não convence e a reação do investigador interpretado por Chris Cooper apenas dá a resposta esperada pela plateia.

Em seguida, vem a explosão máxima da falta de criatividade do enredo. O colega de quarto de Tyler na Universidade quer se vingar do investigador que os levou para a delegacia após a confusão e, para isso, faz uma proposta ao amigo: conquistar a filha do policial e fazê-la se apaixonar por ele. A partir daí, tudo de mais óbvio acontece.

Portanto, com a premissa quadrada e mal desenhada, Lembranças se desenvolve de maneira chata. As duas subtramas apresentadas pelo longa são dispensáveis, pois nada acrescentam à história. Os problemas de convívio da irmã de Tyler com as colegas de escola apenas levam a mais uma lição de moral melodramática, que está em sintonia com a parte burocrática do pai insensível e workaholic, vivido por Pierce Brosnan. A família disfuncional, reflexo dos tempos modernos, é apresentada por personagens clichês e sem profundidade.

A outra subtrama do filme é o irmão falecido de Tyler, a quem o garoto demonstra ainda ser muito apegado. O problema é que este é mais um enredo que nada traz de concreto ao filme e a sua aceitável lição de moral: aproveite a vida e cada instante dela, pois a morte pode estar em qualquer lugar. Este é apenas um pretexto para justificar a rápida ligação entre duas pessoas que se valorizam reciprocamente por ainda estarem fragilizadas com a questão da perda de alguém próximo.

Quanto mais se aproxima de seu final, mais arrastado e previsível o filme se torna. A sequência derradeira é, por completo, absurda e destoante do resto do longa-metragem. O pai que quer se reaproximar de seus filhos é uma saída batida e o destino final dado à história de Tyler é completamente barato e sem propósito. Um absurdo consequente do roteiro frágil. É impossível encontrar alguma ligação entre aquela reviravolta patética e todo o restante da fraca trama. Seria mais digno o mais água-com-açúcar dos finais.

E, infelizmente, Robert Pattinson ainda tem muito para evoluir. Sua atuação é completamente irregular, e sua cara de vampiro não combina com um jovem que enfrente dramas interiores. A cena na qual ele precisa contracenar com Pierce Brosnan em uma discussão acalorada em meio a uma reunião de negócios do pai – mais uma sequência totalmente inverossímil – é extremamente constrangedora pela falta da veia dramática de Pattinson, que força reações faciais e corporais de forma horrenda.

Se o filme começa mal dentro de um contexto aceitável, termina pior, com um desfecho absurdo, barato e distante da tônica do filme.

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