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Críticas

Cineplayers

Escrita como veículo para a persona de Hugh Grant, agradará somente a seus fãs.

5,5

Há quem ache o britânico Hugh Grant um grande e irremediável chato de galochas. Em igual ou maior número, existem aqueles que não resistem à sua persona cinematográfica de eterno irresponsável, de homem com síndrome de Peter Pan. É esse estigma que o vem guiando na escolha de seus papéis mais recentes, seja em "Amor à Segunda Vista", seja em "Um Grande Garoto" (por sinal um belíssimo filme, que merecia um maior reconhecimento). 

Em "Letra e Música", Grant novamente interpreta uma pessoa imatura, Alex Fletcher. Um dos líderes de um famosíssimo grupo musical na década de 1980, Fletcher caiu no esquecimento com a dissolução da banda e vive nos dias atuais quase no ostracismo, fazendo pequenas e constrangedoras apresentações para as antigas e saudosas fãs (as comparações com a dupla Wham!, formada por George Michael e Andrew Ridgeley, são inevitáveis). É um personagem que cai como uma luva para Grant e seu delicioso humor auto-depreciativo. Se há algum motivo para ir assistir ao filme, este é Hugh Grant – portanto, se você se encaixa naquela primeira categoria citada lá em cima, não arrisque.

Afinal, o filme foi escrito para ele. O roteirista e diretor Marc Lawrence, habitual colaborador de Sandra Bullock desde "Forças do Destino", ao trabalhar com Grant no supracitado "Amor à Segunda Vista", combinou que iria escrever um veículo para o ator. Geralmente medíocre (seu melhor trabalho é o roteiro de "Miss Simpatia", comédia que funciona mais pela idéia que pela execução), Lawrence explora Grant ao máximo e abusa de deliciosas frases de efeito. 

Enquanto isso recai sobre Drew Barrymore a difícil tarefa de ser o interesse romântico de Grant na trama. Ela é Sophie Fisher, uma aspirante à escritora no passado que substitui uma amiga no trabalho de molhar as plantas do apartamento de Fletcher. Quando ele recebe a chance de renovar sua carreira, uma proposta de escrever uma nova canção para a pop star do momento, Cora Corman, uma espécie de Britney Spears (a incrivelmente inexpressiva Haley Bennett, em seu primeiro papel no cinema), é Fisher quem se revela hábil letrista e quem auxiliará na composição da música. 

A personagem de Barrymore funciona como “escada” para as tiradas de Grant . Não que ela tire isso de letra com o seu jeitinho de moça meiga e destrambelhada de sempre, mas incomoda o fato de Lawrence ter criado para a personagem um histórico tão raso. O descuido com o papel dela é tanto que a princípio descobrimos que a moça é hipocondríaca. Uma piada sobre o fato é feita e depois não se fala mais nisso. Enquanto isso, personagens secundários como o agente de Fletcher (Brad Garrett) e a irmã de Sophie (Kristen Johnston) ganham brilho próprio.

Bastante esquemático, assim como quase toda a totalidade das comédias românticas, "Letra e Música" agrada muito mais pelos diálogos que por sua estrutura narrativa convencional. É gritante a queda de ritmo quando a tal canção é finalizada e outros conflitos entram em cena. Mas ainda assim é um filme leve, divertido e, como de praxe, esquecível com o acender das luzes. E a tal música composta, "Way Back into Love", é uma delícia.

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