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Críticas

Cineplayers

O retorno do já não pequeno Haley, em mais um filme com estrelas de gênero difícil: a comédia.

7,0

Lições Para Toda Vida’ é o segundo trabalho - porém o mais importante - da carreira do diretor Tim McCanlies, que até então era somente reconhecido como um dos grandes escritores por detrás do bem sucedido seriado de televisão ‘Smallville’. Mas não há como negar: realmente o que chama a atenção do público para seu mais recente trabalho é o trio principal que compõe o filme: Duvall, Caine e Osment. Três nomes que de uma forma ou outra já entraram para a história do cinema e de lá nunca mais sairão.

‘Secondhand Lions’ tem de tudo um pouco, todavia, tudo na medida certa para que não haja exageros. À primeira vista, você tem aquela sensação não muito agradável enquanto assiste ao filme de que já viu essa história contada em algum outro lugar, e realmente essa impressão só vai ficando cada vez mais e mais forte, entretanto, os temas e os assuntos abordados no filme são feitos com uma sutileza tão magistral que ao mesmo tempo que o filme pode ser considerado uma reciclagem de histórias também pode ser considerado único.

Aliás, esse é um dos principais e melhores pontos da produção, a narrativa. Ela é bem simples, porém tem o dom de manter sempre o público preso às histórias contadas pelo personagem de Michael Caine. O envolvimento e a química do trio de atores é realmente muito boa e muito bem desenvolvida, desde seu início até o final.

O filme conta a história do menino Walter (Haley Joel Osment, de ‘O Sexto Sentido’), que é deixado por sua mãe por conta e risco na porta da casa de seus desconhecidos e misteriosos tios para que a mesma pudesse fazer uma “desejada” viagem. Garth (Michael Caine, de ‘Regras da Vida’) e Hub (Robert Duvall, de ‘O Poderoso Chefão’) vivem os rústicos tios do garoto que jamais cuidaram ou criaram uma criança em suas vidas. Talvez justamente esse seja o motivo da interação inicial entre eles ser tão boa e engraçada assim, o início do relacionamento, com todos aqueles vendedores que apareciam no meio do sítio para vender algo, é bastante engraçado. Com o andar da carruagem o lado cômico vai ficando um pouco mais de lado para dar lugar à busca do garoto pelo passado dos próprios tios e é obviamente aí que temos a parte que contém maior carga emocional do filme.

Os dois tios têm personalidades bem diferentes, apesar de inicialmente parecerem tão iguais. Garth é mais calmo, passivo e gosta de ter uma boa conversa com Walter. Aliás, é a partir dos relatos de Garth que são narrados os primeiros passos da longa jornada pela qual os dois irmãos estiveram. Já Hub é exatamente o oposto, é duro na queda, extremamente rústico, mas que no fundo mesmo esconde uma grande dor consigo que só é revelada na última parte da película.

A melhor atuação do filme fica por parte de Duvall mesmo que dá um show até mesmo nas “seqüências de ação”. O homem está em forma! Robert caiu muito bem para o personagem e soube dosar bem seu “rabugentismo” sem extravasar. Quanto a Caine, seu personagem não exigiu muito de si, entretanto, não há como negar que o filme só teve um ritmo tão bom, suave e tranqüilo graças à predisposição narrativa do ator. Osment também está bem em seu papel. Entretanto o jovem rapaz não apresenta mais aquela jovialidade e aquela cara de “menino bonzinho” que tinha em ‘O Sexto Sentido’. É impressionante ver como ele cresceu e, mesmo fazendo um filme onde o personagem que esteja representado tenha na verdade idade inferior à sua real, aquele rosto angelical fora substituído por uma expressão mais séria e firme. Mas nada disso interfere na excelente química que o trio construiu e levou até o final do filme.

Vale lembrar também, para os ávidos observadores de plantão, que a cena final do filme acontece logo depois da inicial. A edição de ‘Secondhand Lions’ também ficou um trabalho digno de aplausos, toda montagem dos eventos cronológicos apresentados no filme são muito bem rearranjados; a escolha pela não-revelação do passado dos tios de uma vez só (intercalando-o) foi mais um ótimo acerto por parte do diretor Tim McCanlies.

Enfim, não há muito o que falar sobre o filme além do que já foi dito. ‘Lições Para Toda Vida’ é uma comédia família mais do que recomendada para todo tipo de pessoa, creio não haver exclusões dessa vez. Embora traga um final bem manipulador, emocionalmente falando, o filme é realmente cativante e trás um conjunto de três atores fantásticos em boas atuações.

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