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Liga da Justiça

(Justice League, 2017)
5,5
Média
262 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Superamigos em episódio estendido.

4,0
A duras penas que a linha de heróis da DC Comics vem tentando se solidificar no mercado com o mesmo êxito de sua concorrente, a Marvel Comics, extremamente satisfeita com seu resultado entre o público (e vez ou outra, entre a crítica). O Homem de Aço veio, mas pouco marcou em sua revitalização do Superman para a contemporaneidade; Batman vs. Superman: A Origem da Justiça vendeu ambição, mas se responsabilizou em excesso com estabelecer seu universo expandido e frustrou grande parte das expectativas com sua trama bagunçada; Esquadrão Suicida se revelou um impressionante filme de mau gosto, denotando ainda mais o descuido e a despreocupação da DC em fincar sua realidade no imaginário popular. Mulher-Maravilha aproveitou a receita com maior esperteza e soube agradar gregos e troianos, mas ainda parecia pouco para segurar a confiança na primeira reunião oficial dos heróis da Liga da Justiça, e todo o processo que começou com o afastamento do diretor Zack Snyder até a contratação de Joss Whedon (dos dois Vingadores, ironicamente os grande sucesso da Marvel Comics) e suas finalizações e refilmagens de diversas cenas apenas deixaram o público com a pulga atrás da orelha sobre o que viria a seguir.

Em poucas linhas, pouca coisa parece mudar para a DC Comics com Liga da Justiça, ou ao menos, nada que nos convença de que a equipe obteve algum avanço na entrega do produto para o público. Claro que, em meio a tantas pauladas em seus filmes, lições foram aprendidas sobre como deixar o resultado final mais satisfatório, dependendo para onde se olhe. Pois ao contrário de seus antecessores, Liga da Justiça nos contraria ao se firmar como um entretenimento sem delírios de grandiosidade (algo extremamente criticado em Batman vs Superman) e com uma narrativa mais enxuta, cuidadosa e devidamente mastigada para que o público ávido pela primeira reunião entre a Liga não tenha do que reclamar. E essa turma, certamente, se sentirá deveras satisfeita com os ingredientes de Liga da Justiça, embora no fundo tudo contribua para que o filme caia no limbo das aventuras passageiras e esquecíveis, o que talvez revele que o que falte para a DC, de fato, seja o equilíbrio entre ousadia e densidade.

E novamente o utilizo aqui como parâmetro: Batman vs Superman, apesar dos pesares, era um filme de peso e identidade própria, de conflitos bastante palpáveis (apesar de mal desenvolvidos) e dois protagonistas que seguravam o tranco com seus embates internos. O público reclamou. Densidade em excesso para o mal-educado cinema fast-food? Talvez. E os produtores e roteiristas também parecem ter consciência dos efeitos negativos que aquele confronto trouxe para seu universo, uma vez que Liga da Justiça se afasta completamente de tudo o que era lapidado em Batman vs Superman. O resultado? Um entretenimento mais fácil, ligeiro, perfeitamente capaz de divertir, porém seco, inócuo, indiferente e imbecilizado em proporções ainda maiores. 

E isto é o que deixa claro que, para a DC, o que lhes falta é sentar e imaginar seu universo com alcances mais amplos para sua solidificação. Afinal, como firmar na memória dos fãs uma trama tão genérica que reúne o time de heróis para lutar contra um super-mega-hiper poderoso vilão que nada mais quer do que dominar e destruir… a Terra. E quem mais seria, não é? Este problema se torna grandiloquente quando o texto pouco ajuda aqueles personagens que iremos acompanhar, acertando em suas ações grupais, porém pecando em suas individualidades, ora mal trabalhadas, ora simplesmente inexistentes. Ciborgue (o estreante Ray Fisher) e Aquaman (Jason Momoa, da refilmagem de Conan - O Bárbaro) são rostos que estão ali por mera necessidade de suas obrigações, e que acabam ficando aquém quando os dois atores pouco investem em seu suposto carisma (apesar de algumas cenas que insistem em vender Momoa como o rockeiro descolado do grupo). Flash/Barry Allen é encarnado por um Ezra Miller esforçado e claramente se divertindo na pele do membro jovial e inexperiente da equipe, mas que é sabotado por um roteiro que, literalmente, lhe força a proferir frases “engraçadas” e ingênuas a cada vez que abre a boca, o que dilui qualquer peso do personagem como membro necessário. Ben Affleck, ao menos, segue encarando Bruce Wayne com uma solidez visível em seus traços e movimentos, apesar de fazer falta a melancolia de outrora do personagem, raramente presentes nos diálogos onde lamenta a morte de Superman. E Gal Gadot, sem qualquer esforço, ilumina e cativa a tela a cada vez que surge em cena, compensando sua falta de expressividade com uma presença corporal e carisma que lhe destaca entre todos. 

Mas para uma adaptação tão aguardada (e diante de tantos heróis icônicos, não há como dizer que não era), que fez tudo para passar por cima de todos os percalços (refilmagens, demissões, mudanças no roteiro…) e ganhar sua existência própria, Liga da Justiça parece um filme pequeno demais, tanto por sua trama que se entrega ao básico com extrema facilidade (excetuando o plot envolvendo o retorno do Superman, que ainda consegue gerar alguma tensão), como por seu vilão sem qualquer característica que o torne ameaçador ou digno de atenção (prejudicado pelo CGI diretamente chupado de algum game classe C) ou pelas cenas de ação que ainda carregam a síndrome de Zack Snyder ao investir numa pirotecnia extrema que, ao invés de impressionar, cansa os olhos e eleva a experiência visual ao over. Impossível conter o riso em certas passagens onde quase conseguimos enxergar o fundo verde. Além disso, as próprias Caixas Maternas, elementos essenciais da narrativa, são mal explanadas e parecem depender demais do conhecimento prévio do espectador sobre suas reais funções. Faz falta também as composições fortes e marcantes de Junkie XL na trilha sonora, uma vez que Danny Elfman entrega melodias burocráticas e sem muito tom, apesar do acerto em evocar sutilmente a música-tema dos Batman de Tim Burton em momentos pontuais.

Mas diante de tantos elementos que facilmente são capazes de agradar o público que há anos aguarda pela reunião dos heróis como a grande dosagem de ação, humor constante e efeitos especiais que enchem toda uma tela, como reclamar de Liga da Justiça, não é? Os fãs sairão satisfeitos, a produção irá fazer seus rios de dinheiro e isso é o que importa. Só o que fica é a esperança de que a DC pense seu universo com maior carinho e atenção para que saiba se estabelecer e ganhar a confiança unânime, já que seus personagens são donos de um potencial que, se explorados devidamente, podem fazer história na extremamente popular trajetória atual dos heróis nos cinemas. E é torcer também para que, na próxima, a reunião da Liga não pareça apenas um episódio estendido de Superamigos.

PS: há duas cenas pós-créditos. A primeira é uma mera piada interna, enquanto que a segunda consegue dar um up moderado no que pode estar por vir.

Comentários (6)

Lucas Nunes | sexta-feira, 17 de Novembro de 2017 - 16:38

"eu jamais deixaria de ver um filme por causa da opinião de outra pessoa, no mínimo iria mais 'desconfiado' ... é cada uma..."

Como eu disse anteriormente, a critica mostrou-me tudo o que eu já suspeitava e eu não gostei de nenhum dos trailers, não gosto do tom Marvel desse filme e não vou gastar 30 reais suados por um filme que eu sei que tem uma probabilidade de 99% que eu não vou gostar. Agora, se as duas crianças embaixo pagarem o meu ingresso, estarei disposto para assistir.

Daniel Borges | sexta-feira, 17 de Novembro de 2017 - 18:55

ta desempregado, brother?

Robson Filho | terça-feira, 21 de Novembro de 2017 - 15:50

Não pagaria 30 reais nem fudendo pra ver esse filme. Só paguei 11. rs. É FRACO...Mas o tempo passa!

Nada a ver perguntar se o cara ta desempregado e nada a ver esse mesmo cara chamar vcs de crianças.

Robson Oliveira | sábado, 02 de Fevereiro de 2019 - 18:37

Lamentavelmente fraco o filme, decepcionante mas assisti até o fim, e me devertiu.

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