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Críticas

Cineplayers

O bom de Ligeiramente Grávidos é investir em bons diálogos, ainda que nem todas as piadas funcionem.

6,5

Bem recebido nos Estados Unidos, Ligeiramente Grávidos é a nova comédia escrita e dirigida por Judd Apatow, que estreou na profissão com O Virgem de 40 Anos, também bem recebido em terras norte-americanas. Os elogios a esse novo filme, por parte da crítica americana, superam a boa recepção dado ao longa de 2005, que chegou a ser cotado para o Oscar de melhor roteiro original. E a história se repete. O roteiro de Ligeiramente Grávidos faz parte das apostas para arrancar uma indicação ao Oscar pela originalidade de seu roteiro. Mesmo com tanta boa vontade dos críticos norte-americanos, não consigo achar nenhum dos dois filmes de Apatow dignos de uma indicação ao prêmio da Academia. Ligeiramente Grávidos supera a primeira produção do cineasta, é uma boa obra, mas falta muito para ser incluída entre as grandes comédias atuais – alguns já a classificaram como tão boa quanto Pequena Miss Sunshine. Que exagero!

Alison Scott (Katherine Heigl) é promovida a apresentadora de tevê do canal em que trabalha. Para comemorar, vai a uma balada acompanhada de sua irmã mais velha, Debbie (Leslie Mann). Lá, Alison encontra Ben (Seth Rogen), um rapaz de vinte e poucos anos que insiste em viver como um adolescente, morando com mais quatro amigos em uma república sem lei. Quando Debbie recebe uma ligação dizendo que um de seus filhos não está bem, retorna para casa, deixando Alison na companhia de Ben. Depois de muita bebedeira, os dois vão à casa dela, onde acabam transando. O que parecia ser um relacionamento de uma noite só, muda quando a garota descobre estar grávida. 

Verdadeiramente engraçado, principalmente por centrar seu humor nos diálogos, deixando de lado o humor físico, Ligeiramente Grávidos é constituído por personagens reais, interpretados de maneira ainda mais verdadeira por aqueles que lhes dão vida. Heigl e Rogen têm uma química encantadora. E eles não são o único casal que funciona de maneira adequada. Debbie e seu marido, interpretado por Paul Rudd, também convencem. Os atores estavam claramente à vontade, com total liberdade para construírem seus personagens. Isso, graças à direção de Apatow, que gosta de deixar os atores livres para improvisar e inventar falas fora do roteiro.

Porém, pesa um pouco o fato da extensão ultrapassar duas horas, tendo precisamente 130 minutos. Uma comédia precisa ser perfeita para agüentar um ritmo interessante por tanto tempo. Em Ligeiramente Grávidos, as piadas não funcionam a todo o momento, principalmente, quando os quatro amigos de Ben estão em cena. Exceção feitas às piadas envolvendo a aparência de um deles. Mas, quando as piadas funcionam, a diversão é de alto nível. Existem momentos extremamente divertidos que merecem destaque: a conversa entre Ben e seu pai, com um conselho nada educativo. Paul Rudd imitando com perfeição e de maneira hilária o ator Robert DeNiro. Ben brincando com a filha de Debbie no jardim. Passagens incríveis como essas fazem a experiência valer a pena. O drama não é deixado de lado, mas o balanço entre os dois gêneros é desigual, muito diferente do que foi visto em Miss Sunshine. 

É um filme engraçado, divertido. O roteiro de Apatow, focado nas relações amorosas e no casamento, com todas as conseqüências engraçadas que isso pode resultar, segue caminhos inesperados, mas não é, necessariamente, inovador. O humor, muitas vezes, restringe-se a agradar os próprios norte-americanos com piadas mais próximas da realidade de vida dos moradores dos Estados Unidos. E o humor deles não tem o mesmo impacto para quem nunca teve a experiência de morar por lá e conhecer de perto seus costumes.

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