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Críticas

Cineplayers

Uma comédia bobinha, outra típica de matinês da televisão aberta. Diversão rápida e descerebrada.

4,0

Já pelo nome se conhece as pretensões desta nova comédia de Martin Lawrence... Loucuras na Idade Média. Os publicitários deveriam ganhar um troféu por traduções como estas. Quem deve estar feliz é o pessoal da Globo que vai anunciar o filme na Sessão da Tarde, lá por 2006. É o tipo de nome que eles adoram. No original, o filme chama-se Black Knight, e tem sentido duplo, já que negra é a cor do protagonista e o filme, lá pelas tantas, fala sobre um cavaleiro que se veste todo de negro. Também está longe de ser original, mas é menos mau.

Jamal (Lawrence) trabalha num parque de diversões com tema medieval que está caindo aos pedaços. Um novo parque, com o mesmo tema, será inaugurado em breve, perto dali. Mas isso tem pouca relação com a história principal. Jamal, enquanto limpava um córrego que atravessava o parque, achou um colar misterioso, que incrivelmente o transportou para a Idade Média. No início é tudo muito engraçado, pois Jamal acredita ter ido parar no parque concorrente. Ele se surpreende com o realismo das roupas e cenários que há lá.

Claro, mais tarde ele descobre a verdade, mas naquela altura não vai mais querer voltar, pois está apaixonado por uma serva – vejam só – também negra, do reino. É muita coincidência, e não deixa de ser sorte, visto que eram razoavelmente raros os negros pertencentes àquela sociedade, séculos e séculos antes das grandes navegações, onde finalmente os negros, através da escravidão, foram inseridos nas regiões temperadas do planeta. Mas claro, isso é uma comédia, e forçadas de barra assim não devem ser levadas em consideração.

Criticar o humor de um filme é extremamente perigoso. Como acontece com opinião, cada um tem um tipo de humor. Para o meu gosto, posso dizer que o filme é extremamente engraçado até a sua metade, principalmente enquanto Jamal não sabe que está realmente na Idade Média, e pelas reações do povo da época a seus costumes “estranhos”. Infelizmente, mais tarde, o filme passa a ser também um drama e um filme de ação, já que há todo um plano de rebeldes para destituir o rei e colocar a rainha de volta ao trono, e Jamal entra em conflito consigo mesmo, pensando se deve ajudar os rebeldes (principalmente pela sua amada) ou voltar para seu tempo. A partir daí, o filme adquire ares de um Coração Valente, mas de baixíssimo orçamento – e claro, eventualmente apresentando uma ou outra piada, mas sem o mesmo nível da primeira metade do filme.

Os maneirismos típicos de Lawrence, apresentados pelo ator em outras comédias recentes, como 'Vovó... Zona' e 'Um Tira Muito Suspeito' (vejam só, outro nome Sessão da Tarde), estão todos em Loucuras na Idade Média. Muitos tiques com os olhos e boca, e uma expressão corporal bem exagerada. São maneirismos divertidos para uma comédia do estilo, e que tornam a situação presente em Loucuras ainda mais cômica, visto que dão um contraste enorme em relação à polidez e ao formalismo das pessoas da época (pelo menos em relação aos nossos costumes atuais).

No geral, a escolha do elenco foi bem realizada. O excelente Tom Wilkinson (o pai do drama 'Entre Quatro Paredes') realiza muito bem o papel do rei. O resto do elenco, embora bem caracterizado, não se destaca, apresentando atuações de razoáveis para medíocres (neste último caso, a filha do rei, interpretada pela novata Jeannette Weegar). Os sets estão bem ricos em detalhes. O castelo, por exemplo, embora não sendo suntuoso, é bastante realista (em relação ao que imagino ter sido um castelo da Idade Média, claro) e as vestimentas são muito bonitas.

Infelizmente, o final do filme é extremamente forçado. Forçado para ser feliz, é claro, o que também não é nenhuma novidade no gênero. Comédias regulares geralmente descambam em seus finais, apresentando situações ainda mais bobas e que dificilmente conseguem ser engraçadas como as melhores piadas do filme. Aliás, esse é o principal defeito de Loucuras na Idade Média: não conseguir manter uma regularidade durante seus mais de 90 minutos.

Há comédias bem melhores por aí, nas prateleiras das locadoras. Esta é mais indicada para os fãs ávidos de Martin Lawrence, ou para quem curte os filmes da Sessão da Tarde com nomes como “trapalhadas”, “loucuras”, “do barulho”, “da pesada”, e assim vai... Para o resto do público, o filme vai passar despercebido, com toda a justiça.

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