Saltar para o conteúdo

Loulou

(Loulou, 1980)
8,0
Média
58 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Câmera e performance.

10,0

O programa de humor americano Saturday Night Live tem uma esquete recorrente que eu chamo de o filme francês — embora nunca fique claro se o que vemos na esquete é ou não um filme. Ela funciona sempre no mesmo formato: um bar francês de medos da década de 1960 com uma jukebox. Os personagens vão entrando e se cumprimentando minimalisticamente — e em francês, lógico — até que um deles vai até a jukebox e escolhe uma música. Eles dançam e brigam. A esquete sempre dura muito tempo e é bastante chata, daí que deveria vir o humor.

O estereótipo é necessariamente reducionista. Na comédia, às vezes isso funciona. Nesse caso específico, com a minha cumplicidade de quem não só acha engraçado como localiza a esquete como uma referência ao cinema francês, o que ela nunca é declaradamente. Salvo a consciência de que é um estereótipo, e um exagero deste, o cinema francês da pós-nouvelle vague até mais ou menos os filmes de Leos Carax nos anos 1980 justificam a leitura cômica, apesar de que nunca devem ser desmerecidos por ela.

A brincadeira de Saturday Night Live se refere ao ritmo não do filme francês (até porque não poderia a partir de um único plano fixo da esquete), mas ao ritmo de seus personagens, de uma juventude performática. Não é à toa que Maurice Pialat, diretor do maravilhoso Loulou, que abriu o Janela Internacional do Cinema do Recife na sexta-feira (24/10), é conhecido como o Cassavetes francês. Realmente há muito da histeria de Cassavetes em Loulou, principalmente no acompanhamento da câmera aos personagens, mas também na própria representação destes. No entanto, a performance do filme de Pialat me remete a uma escola e juventude muito mais recente: o mumblecore. Este está diante de questões técnicas alheias a Pialat e a pós-nouvelle vague. A facilidade da imagem, que é também a possibilidade do descuido, e nisso o recente subgênero (pois ele é isso mais do que um movimento) vai um tanto mais além, negando a ordem da narrativa ainda mais. O que eles têm em comum é a liberdade de ação dos personagens, que não estão presos em quadros ou textos.

Enfatizo que essa liberdade é dos personagens, não dos atores. Isabelle Huppert e Gerard Depardieu os incorporam, estão presos a eles, que, por sua vez, não se limitam e a sua ação por nada, ou quase nada, e isso é crucial para a mise-en-scène. A montagem num filme como esse é essencial porque é a única força que limita os personagens e sua ação. O casamento perfeito entre o que a montagem quer contar com o que os personagens querem mostrar de si mesmos e da sua história é o que cria uma obra-prima.

Visto no Janela de Cinema do Recife 2014

Comentários (5)

Luís Daniel | quarta-feira, 29 de Outubro de 2014 - 02:30

Melhor sessão até agora s2

Caio Lucas | quarta-feira, 29 de Outubro de 2014 - 04:43

Péssimo texto né.

Polastri | quarta-feira, 29 de Outubro de 2014 - 08:33

É.

Caio Henrique | quarta-feira, 29 de Outubro de 2014 - 11:11

Não há dúvidas de que elaborar uma crítica d'um filme durante a cobertura de um festival é complicado. O cansaço e fadiga cerebral acabam por comprometer muitas vezes a análise minuciosa de um texto que, tendo este como exemplo, mais fala do Saturday Night Live do que do Pialat propriamente dito. Ao menos na unanimidade concorda-se que trata-se de uma OP mesmo. Mas ainda prefiro Sob o Sol de...

Faça login para comentar.