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Críticas

Cineplayers

Lutero serve como uma boa aula de história, embora como cinema tenha suas imperfeições. O saldo final é muito bom.

7,0

Ampliar os horizontes nunca é demais
 
Lutero padece do mesmo mal que a maioria dos filmes históricos. Passa rapidamente (ou nem passa) em pontos que seriam importantes para um melhor entendimento da história e das interpretações no filme. Mas, não interpretem isso como se o filme fosse ruim, pelo contrário. É muito, muito interessante. Um filme alemão sobre fatos pouco divulgados no cinema, só tende então a enriquecer o nosso mundo cinematográfico.

A história, dirigida por Eric Till, retrata a vida de Martinho Lutero desde o celibato, passando pela faculdade até se transformar no mito. Mostra como ele desafiou as autoridades religiosas e políticas contra as indulgências e bulas papais. Notamos ainda que ele defendeu que Deus era bom e não castigador e vemos como, sozinho, no castelo de Wartburg em Eisenach (que é mostrado no filme) traduziu a Bíblia para o alemão.

Católicos Apostólicos Romanos fervorosos não vão se sentir muito bem no cinema. As criticas à Igreja da época são fortes, e pior, embasadas em argumentos. Joseph Fiennes não está tão bem quanto em Shakespeare Apaixonado, parece não se sentir confortável no papel, visto que o próprio filme nos mostra que Lutero estava muito convicto e confiante em si próprio. Ou, talvez a interpretação de Fiennes seja apenas uma má impressão devida a uma edição engasgada.

Na cena em que Lutero volta, depois de meses dado como morto,  as reações são como se ele tivesse dado um passeio de fim de semana. Ou será que as pessoas já sabiam de sua volta? Isso não foi mostrado ou explicado, assim como outros pequenos detalhes, que assim dão margem a erros de interpretação. É claro que se fossem detalhar tudo sobre o assunto, o filme não teria menos de 20 horas, mas uma melhor edição seria bem-vinda.

Quanto ao resto do elenco não há queixas. Destaque para Alfred Molina (Homem-Aranha 2), um excelente vendedor, digo, padre a favor das indulgências e Sir Peter Ustinov (falecido no ano de lançamento) concedendo-nos os momentos mais leves (ainda que com bastante margem para reflexões) do filme. Se não o convenci de que vale a pena ver o filme, convença a si mesmo a ir assistir uma boa aula de história, com paisagens lindíssimas ao fundo. Afinal, ampliar os horizontes nunca é demais.

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