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Críticas

Cineplayers

Comédia francesa criada por ator-diretor bastante exagerado é um dos mais fracos filmes do ano.

1,0

Por mais ampla que seja a curiosidade de um individuo que gosta de diversificar o contato com diferentes obras e estilos de cinema de todo o mundo, não há boa vontade que resista diante de um objeto estapafúrdio como essa comédia vinda das telas francesas. Mais que o Máximo é um daqueles casos que uma vez mais nos fazem desconfiar e indagar sobre a lógica de nosso circuito exibidor, cujas distribuidoras responsáveis por estréias dessa qualidade são as mesmas que nesses últimos dez anos se omitem em lançar por aqui vários dos mais recentes títulos de (para ficar apenas nos franceses) grandes mestres como Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette, Claire Denis, Olivier Assayas, Jean-Claude Brisseau, Eugène Green, Chantal Akerman, Abdellatif Kechiche e tantos outros cineastas relevantes que quando muito tiveram apenas um ou outro dos seus filmes distribuídos nos cinemas brasileiros nessa década que se encerra.

Quem acompanha cinema mais intensamente sabe que existe toda uma parte excelente do cinema contemporâneo que continua ignorada por nosso circuito exibidor, o que acaba ocasionando um raciocínio errado de que só existem ou são importantes os filmes lançados nos nossos cinemas ou em DVD. Pode-se argumentar que os citados acima são diretores cujos filmes não possuem visibilidade e nem ressonância comercial (mas certamente possuem um público sim, ainda que não muito vasto, prontos para prestigiá-los), porém não será essa falta de visibilidade decorrente justamente desse descaso do circuito exibidor como um todo? O que resulta em um circulo vicioso que faz com que o que é visível mereça mais visibilidade e os mestres ou grandes revelações que permanecem desconhecidos continuem invisíveis.

Por outro lado, será mesmo que títulos como esse Mais que o Máximo terá algum público fora da França? Ficará mais de uma semana em cartaz nos cinemas brasileiros? Até porque esse tipo de comédia descartável apenas atrai o interesse das platéias se contar com o suporte de um grande astro estampando os seus cartazes ou então com uma maciça campanha de marketing, o que tampouco é o caso em questão. O filme em si não traz surpresa ou atributo algum. Coco (interpretado pelo próprio diretor, Gad Elmaleh) é um rico empresário de quarenta anos e um exemplo de sucesso, um imigrante que por causa da invenção de uma água vibrante atinge a prosperidade. Com a perspectiva de seu filho montar um grande negócio, ele enlouquece ao direcionar suas energias na organização do evento de abertura nessa nova empreitada. Sua esposa é uma das primeiras a se irritar com suas atitudes obsessivas, seguido pela mãe e até mesmo o próprio filho se incomodam com os transtornos gerados pelas maluquices do personagem-título.

Durante o filme inteiro não dei uma única risada. É raro ocorrer em cena um indício de que algo realmente divertido possa acontecer ou que desperte a vontade de mais tarde contar algum lance supostamente engraçado para alguém. É um filme cujo cartaz já seria o suficiente para afastar o interesse de qualquer espectador com o mínimo de bom senso, e que espelha toda as afetações do ator-diretor Elmaleh, que sem ninguém nos sets de filmagem para controlá-lo, não se contém nos exageros e caretas, refletindo-se também na bagunça visual e sonora (que inclui muitas canções pop-moderninhas) que é o filme como um todo (que faz piada até com quadro de Monet ou com o Brasil, quando ao falar de nosso país, um dos personagens cita “Kipacabana”).

Parece uma tentativa do seu criador em se tornar o Sacha Baron Cohen francês, porém a sua incapacidade é tamanha que ele não consegue ser ruim o suficiente para fazer páreo ao comediante americano (aliás, o filme é a pior comédia a surgir nas telas brasileiras desde Brüno, do ano passado). É um dos piores lançamentos da temporada, mesmo os que simpatizarem com o filme dificilmente vão se entusiasmar muito. É nulidade total, pura embromação.

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