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Críticas

Cineplayers

Comédia sexual extremamente vulgar e raramente engraçada. Seria melhor se não tivesse nascido.

1,0

A história de Maldita Sorte começa em 1985, quando, em uma casa de um subúrbio qualquer, assistimos a um grupo de crianças sorteando pares para fazerem sexo. Não é brincadeira. Mesmo que algumas delas não saibam exatamente o que estão fazendo, a prática sexual ocorre entre infantes no primeiro ato deste filme. Obviamente que os espectadores não têm acesso às imagens, mas mesmo que o roteiro tente disfarçar com piadinhas (“vejam, é algo puramente inocente, eles se enrolam todos tentando acertar o ato e no final a intenção é cômica e pura”) a cena é totalmente fora de propósito. Depois, durante todos os longos quase 100 minutos de filme restantes (parecem o dobro), vemos o mocinho, interpretado por Dane Cook, fazer sexo com literalmente dezenas de mulheres, sem muito pudor ou reservas.

Tenho certeza que os pré-adolescentes que estavam na sessão (onde qualquer um com 14 anos poderia ter entrado) acharam o Dr. Charlie Logan um deus ao final do filme – ele faturou todas as garotas e ainda terminou ficando com Jessica Alba (sim, estraguei a “surpresa”). E nisso resume-se Maldita Sorte, uma comédia sexual de extremo mal gosto e de moral duvidosa. Sou bem aberto a liberdades morais em filmes, então para eu estar xingando o roteiro de Joe Stolberg, é porque ele é totalmente desvirtuado. Porém, ao contrário de filmes realmente ousados, onde a falta de moralismo é utilizada para uma discussão sólida de algum assunto relevante, aqui a futilidade reina. Mesmo os filmes dos irmãos Farrelly, considerados de forma geral extremamente ofensivos pela mídia, contêm discussões úteis (embora sempre superficiais).  

O diretor é Mark Helfrich, que já fez um monte de coisas em Hollywood, mas nunca havia dirigido nenhum filme. Nota-se pela total falta de capacidade em tornar qualquer cena interessante. O estilo é bastante banal, e parece que a maior preocupação de Helfrich foi tirar o melhor ângulo das inúmeras cenas sensuais ou sexuais, sobretudo os momentos envolvendo Jessica Alba, supervalorizada e super exposta pelo filme, assim como de Dane Cook, que certamente (ou pelo menos creio eu) possui inúmeras cenas que vão agradar às mulheres.

Os atores são meras caricaturas, ajudados pela total falta de um roteiro minimamente coerente (a justificativa para o medo de Cam em se envolver com Dane, por exemplo, nunca é clara). Seu objetivo é tentar fazer o espectador rir a partir de situações que, quando não envolvem piadinhas de sexo e masturbação, são ocorrências visuais (tropeços, escorregões, trombadas) previsíveis e fraquinhas. As risadas existem, não há porque negar, alguns momentos são ligeiramente inspirados (“[...] o total é de US$ 17 mil senhor!”, informa o atendente do aeroporto quando o personagem de Dane sai em disparada para comprar uma passagem para a Antártida), mas em momento algum têm um pingo de originalidade e muitas vezes o timing cômico é errado ou mesmo inexistente.

Acredito que, caso o filme não fosse tão vulgar, funcionaria um pouco melhor, já que poderia ser considerada uma comédia leve para uma sessão vespertina entre a família ou amigos. Do jeito que foi feito, não há uma qualidade realmente boa no filme todo (sim, Jessica Alba é muito bonita sob toda a maquiagem do filme, mas de que adianta isso para nós, mortais espectadores masculinos?), bem pelo contrário, ao tentar ser engraçado utilizando-se desesperadamente do tema sexo, o que consegue é criar um soft-pornô de mal gosto e raramente engraçado (embora isso seja discutível, eu sei, as fortes risadas em algumas cenas na sessão em que me encontrava provam isso). Maldita Sorte não deveria ter sido produzido.

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