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Críticas

Cineplayers

"Você é a resposta de Deus à Jó."

9,0

Talvez alguns ainda não conheçam os melhores trabalhos de Allen Stewart Konisgberg, mais conhecido pela famosa alcunha de Woody Allen. O diretor, que vinha sendo criticado por uma suposta queda de qualidade dos seus filmes após “Desconstruindo Harry”, (1997) realizaria em 1979 esta incrível declaração de amor à cidade de Nova York, intitulada “Manhattan”.

Aqui, Isaac Davis (Allen) é um homem judeu, confuso e imaturo, que escreve para um desprezível programa de TV, e apesar de toda a sua sofisticação, não consegue manter um relacionamento estável. Além de ter problemas com Jill, (Meryl Streep) sua ex-esposa lésbica, Isaac namora Tracy (Mariel Hemingway), uma adolescente ingênua e apaixonada. O problema é que Isaac não vê futuro na relação dos dois, e termina o namoro quando se apaixona por Mary, amante de seu melhor amigo e vivida por Diane Keaton. 

Lançado dois anos após o grande sucesso que foi Annie Hall (1977), é curiosa a forma como a personagem de Keaton é introduzida ao filme. Isaac e Tracy estão numa galeria de arte quando se encontram com Yale (Michael Murphy). Ele se apresenta ao quadro mais rapidamente, enquanto a pessoa que lhe acompanha (Keaton) permanece oculta aos olhos do público, para aparecer aos poucos, como uma revelação, lado a lado com Woody Allen. Inicialmente, Mary e Isaac se mostram muito diferentes, chegando a serem hostis um com o outro, especialmente quando ela se mostra indiferente para com o talento de Ingmar Bergman, um dos grandes ídolos de Allen, representando uma brincadeira com o gosto pessoal do diretor. 

Em Manhattan, o talento de Allen e seu perfeito timing conferem ao diretor a capacidade de passear com suavidade pelo trajeto drama - romance - comédia, que acompanha toda a narrativa. Outro elemento a ser destacado juntamente à trilha sonora, é o fato de Nova York se destacar quase como um outro personagem, transcendendo sua função primeira de ambientar a estória, para fazer as honras de uma anfitriã que influencia, envolve e inspira seus apaixonados habitantes. Nas palavras de Isaac “não importa a estação, para mim Nova York continua em preto-e-branco e pulsando ao som de George Gershwin”.

Solitário por suas escolhas e erros, Isaac se faz uma pergunta tão existencial e filosófica, quanto pessoal. “O que faz a vida valer a pena?”. Bom, assistindo ao final de Manhattan descobrimos o que valia a pena para ele. Quanto a mim, essa parece ser uma pergunta difícil de ser respondida. Mas provavelmente tem algo a ver com a simplicidade de pequenos momentos da vida. Como assistir a um bom filme, me apaixonar, ou imaginar a vida com trilha sonora e fotografia P&B, e no momento só me lembro de um filme que me faça pensar em tudo isso.

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