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Críticas

Cineplayers

Um filme pessoal de Kevin Smith, que mostra que sabe ser clichê ao mesmo tempo que faz disso um passatempo prazeiroso aos espectadores.

5,0

Temos aqui Kevin Smith, um sujeito que se acha tão bacana - e acredito que milhares de pessoas concordem com ele - fazendo suas malas para a Clichelândia. Claro que ele tem uma boa desculpa: depois de dirigir alguns movies para a cultura pop um pouco mais alternativa, ele resolveu colocar nas telas um pouco do que sentiu ao se tornar pai. O resultado é um filme fofinho de doer, com personagens que quebram na sua frente de tão sensíveis que são.

Temos Jennifer Lopez (o estúdio ignorou sua participação no filme nos comerciais após o imenso fracasso de Contato de Risco) e Ben Affleck novamente em um filme. Ambos participam de um casamento intenso e feliz. Lopez (ou melhor, sua personagem) morre logo no começo do filme e ele fica arrasado, tendo que trocar seu ótimo emprego em Nova York por uma vida simples com seu pai em Nova Jersey. Sete anos passam-se e o bebê que eles tinham vira um simpática menininha, feliz com seu pai e avô. Chega daí a personagem de Liv Tyler, uma balconista de locadora (óbvio sendo um filme do diretor) que vai dar novo ânimo à família.

Kevin Smith surpreende ao mostrar que pode ser tão sensível. O mesmo sujeito que fez Chasing Amy e Dogma, e é um dos maiores fãs de quadrinhos e cultura pop em geral que o mundo já viu, criou um filme simples, bobinho mas que, por incrível que pareça, é agradável quando não apela demais para sentimentalismos óbvios. Temos toda a estrutura já conhecida desse gênero de filme - (1) família feliz; (2) desgraça; (3) redenção. No caso aqui, a redenção deve ser do pai, um Ben Affleck medíocre como sempre (embora considerá-lo um mau ator seja exagero na maioria dos casos). Lopez não tem nem tempo suficiente na tela para provar que é boa ou não.

Para os fãs de Kevin Smith, aqui não há Jay nem Silent Bob - já que ele deixou bem claro que este filme não seria um de sua série Jersey. O filme no geral é bem pretensioso. Mesmo tendo uma história simples, como já foi comentado, força alguns momentos mais intensos e manipula o espectador de forma desagradável e desnecessária, querendo ser mais do que seu roteiro pode proporcionar. A direção é razoável, alguns planos e aproximações de câmera são feios e quase amadores, mas não é um ponto que atrapalha na maioria das vezes.

A participação especial de Will Smith, interpretando ele mesmo, é um bom momento do filme, que poderia muito bem traduzir tudo o que o diretor quis passar em apenas uma cena: "ser pai é a coisa que mais vale a pena no mundo". Alguns só demoram um pouco demais pra entender. Em resumo, Menina dos Olhos é um filme que chega nos dois extremos: encanta com sua sensibilidade e personagens simpáticos ao mesmo tempo que irrita com esses mesmos elementos, quando exagera-os demais. Como é um filme extremamente pessoal para o diretor, perdoemos-lhe!

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