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Missão: Impossível - Nação Secreta

(Mission: Impossible - Rogue Nation, 2015)
7,4
Média
294 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

A franquia de Tom Cruise deixa de ser apenas diversão de primeira e entra na seara dos Grandes Filmes.

9,5

A iconografia da marca Missão: Impossível utiliza a máscara como elemento cênico desde a série dos anos 60, e ao aportar nos cinemas a cargo do mestre Brian DePalma, o jogo foi mantido desde a abertura. De lá pra cá, hoje quase duas décadas depois, ela ainda se faz presente no novo capítulo, mas o roteiro do quinto exemplar da franquia (agora a cargo de Christopher MacQuarrie) incorpora a máscara para além de visual óbvio; elas dessa vez podem estar ou não no rosto, da forma mais elementar. Adquirindo-a como metáfora humana e construindo sua narrativa através de um intenso jogo de gatos e ratos, onde todos podem (e deverão) estar mentindo, o texto do filme adquire muitas camadas e formas diferenciadas para metaforizar a máscara em seu caráter mais direto e também como modelo social vigente, aquelas que utilizamos diariamente em nossas microcorrupções.

No roteiro também assinado por McQuarrie (vencedor de um Oscar há 20 anos por Os Suspeitos e parceiro constante de seu protagonista Tom Cruise), não apenas a história propriamente dita está sendo contada, mas igualmente importante é contemplar os belos diálogos construídos para o filme e a forma como sua estrutura é usada para catalogar um sem número de situações mundanas (ou não), onde o hábito de mascarar-se faz parte das regras comportamentais, tirando em diversos momentos todas as certezas que temos em relação aos personagens. Um trabalho de ourives que parece simples, mas de integração muito sofisticada e não-usual em produtos dessa grandeza hollywoodiana.

Ainda que o texto afiado esteja de maneira surpreendente em destaque, o astro Tom Cruise sabe do que o povo gosta, e deve ter vibrado e assinado embaixo de cada espetacular cena de ação concebida. Desde a abertura explosiva já característica, passando pela breve tortura em que Ethan Hunt é jogado de cara, uma emboscada envolvendo snipers numa apresentação da ópera "Turandot" pela Orquestra de Viena, um mergulho literal em busca de um dispositivo de segurança escondido até a mais bem sucedida perseguição de motos da história do cinema, filmada à perfeição e captada num grau de velocidade capaz de deixar Vin Diesel e seus meninos com lágrimas nos olhos. Uma sequência de fato brilhante.

Mas já falei que essa Nação Secreta também é tecnicamente um assombro? Da luxuosa fotografia do fera Robert Elswitt (Oscar por Sangue Negro), que também serve para realçar os diferentes países e momentos da narrativa, tal qual a iluminação mais acertada para cada singular diálogo, até a belíssima trilha de Joe Kraemer, que funde o clássico tema de Lalo Schifrin aos acordes da obra-prima de Puccini de maneira genial, passando pela inclemente montagem de Eddie Hamilton (o homem por trás do brilhantismo de Kingsman e Kick Ass), não há praticamente nota dissonante nesse conjunto sem fim de acertos.

Mas o produtor Tom Cruise não estava para brincadeira dessa vez e pensou em absolutamente tudo, convocando comparsas passados (Jeremy Renner, Ving Rhames e o indefectível Simon Pegg) e um elenco recém chegado, todos em atuação muito acima da média. E num ano onde Charlize Theron nos entregou sua inesquecível Furiosa, a sueca Rebecca Ferguson praticamente rouba o show a cada aparição de sua Ilsa Faust, uma personagem rica ao extremo e que ganhou notável performance de uma moça para não perder de vista mais. Seu olhar e suas entonações confundem e distorcem nossas percepções a cada cena, transformando sua presença no destaque máximo de um elenco acima de qualquer suspeita.

No fim das contas, parece mesmo que 2015 não está para brincadeira em matéria de blockbusters, depois de mostrar que a Pixar ainda pode ser brilhante e no baile de estilo e substância que George Miller deu a bordo da estrada mais furiosa da temporada. Para espanto de todos, Tom Cruise se supera e coloca o novo capítulo de sua bela franquia em todos os topos, das bilheterias e das listas de melhores do ano.

Comentários (17)

Francisco Bandeira | terça-feira, 25 de Agosto de 2015 - 20:01

Jack Reacher é no estilo dos filmes do Ethan Hunt, mas com o Herzog de vilão (monstro).

Augusto Barbosa | terça-feira, 25 de Agosto de 2015 - 20:34

Massa! E agora que eu vi que é do mesmo cara que escreveu e dirigiu este MI5.😎

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 26 de Agosto de 2015 - 00:46

McQuirre será um dos mais requisitados diretores nis próximos cinco anos. Ótimo roteirista ele já é.

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