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Críticas

Cineplayers

Brad Bird extraindo o que é possível dentro do impossível.

7,0

Depois de voltar para casa com um Oscar de melhor animação por duas vezes, Brad Bird reuniu coragem e ousadia o suficiente para se arriscar em um filme e, com isso, mostrar a Hollywood que ainda tem muito o que oferecer. Ele aceitou a difícil tarefa de dar continuidade a uma franquia de sucesso do cinema que nunca se manteve nas mãos de um mesmo diretor – lembrando que ninguém menos que Brian De Palma foi o responsável pelo o episódio original. As expectativas eram grandes não só por conta disso, mas também pelas apostas das produtoras em usarem essa continuação para finalmente reerguer a carreira hesitante de Tom Cruise.

Na lista de considerações, devemos lembrar também que não é fácil trazer algo de novo a uma série que já ficou marcada por certas particularidades e que exige do roteiro algumas concessões. Fica por conta da direção, portanto, impressionar o público, já que a história em si segue a cartilha dos filmes anteriores, sobre tramas de espionagem cheias de reviravoltas a serem desvendadas pelo agente especial Ethan Hunt. Bird aproveita então cada segundo detrás da câmera para captar algo de especial ou importante, fazendo de cada cena um momento intenso. Em Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol, 2011) não há espaço para embustes – tudo é essencial e minuciosamente bem planejado por seu diretor.

O mais interessante nessa sucessão de cenas bem filmadas é notar a influência da bagagem de Bird sobre sua técnica. Ao contrário do que se poderia esperar, o cineasta usa muito dessa experiência em animações para enriquecer seu primeiro filme. Essa necessidade de fazer de cada momento um grande acontecimento se mostra uma grande habilidade de aproveitar o material. O público-alvo das animações é o infantil, aquele que logo se cansa caso a história comece a enrolar, obrigando assim os criadores a recorrer ao imediatismo cômico ou da aventura para cativar seus espectadores do início ao fim. Com Missão: Impossível – Protocolo Fantasma não é diferente e, desde o primeiro ato até o desfecho, é impossível não desgrudar os olhos da tela – e com isso temos um Tom Cruise de volta ao topo.

E quando é dito que Cruise voltou ao topo, não é apenas em linguagem metafórica. Uma das cenas mais incríveis do filme se dá em uma escalada de Ethan Hunt pela torre Burj Khalifa, em Dubai (eleita a mais alta do mundo, com quase um quilômetro de altura), através de luvas especiais que, infelizmente para ele e felizmente para nós, começam a falhar e obrigam-no a se virar o quanto antes de uma queda iminente. Mas antes de chegarmos a esse momento, temos de entender que Ethan acabou fracassando em uma missão anti-terrorista na fortaleza de Kremlin, em Moscou, onde deveria impedir que um terrorista colocasse as mãos em armas nucleares russas. Por conta disso, uma explosão gigantesca acomete a capital da Rússia e Ethan e sua equipe acabam virando os principais suspeitos do ataque. Agora, afastado de seu cargo e perseguido pelo governo americano, ele terá de se reunir aos seus outros colegas que fracassaram na missão para descobrir o responsável por trás de tudo isso e impedir uma possível guerra nuclear.

Como de costume, uma trama que se inicia simples e eficiente, vai se desenrolado de tal forma que de repente estamos diante de uma ameaça de guerra nuclear. Bird aproveita essa escala crescente de tensão para ir se intensificando cada vez mais no aprimoramento de suas cenas de ação, filmadas com a tecnologia IMAX, até chegar a um clímax muito bem construído, capaz de tirar o fôlego da platéia. Como em todo bom filme de espionagem, aqui estão presentes agentes duplos, aventuras mundo afora (com locações que vão de Dubai à Budapeste), intrigas internacionais, explosões, reviravoltas surpreendentes e apetrechos tecnológicos de última geração (alguns fantasiosos até demais). Bird fez questão de fechar um pacote completo para os fãs e ainda acrescentou muita novidade ao que já estávamos acostumados.

Missão: Impossível – Protocolo Fantasma é um tipo de trabalho que, por mais que não apresente grandes mudanças para o cinema comercial, merece respeito. Sua trama é eficiente e respeita a inteligência do espectador, seus enquadramentos são incríveis e deliciosamente vertiginosos (em especial a já citada seqüencia na torre de Dubai) e seu protagonista é vivido por um ator carismático em plena forma que não precisa nem de dez segundos em cena para conquistar seu público. Ou seja, todos saem ganhando e o resultado final superou as expectativas. Afinal, a grande missão impossível dessa história toda era Bird conseguir sustentar mais um capítulo para essa longeva saga sem perder pontos em relação aos anteriores. E não é que ele conseguiu completar sua missão com êxito? Bom trabalho de Ethan Hunt e de Brad Bird. Missão cumprida!

Comentários (22)

Erivaldo de Arruda Guerra | quarta-feira, 04 de Janeiro de 2012 - 08:12

Tom Cruise, 50 anos em julho e com muita, mas muita forma. Parabéns pela crítica. A cena da torre é fantástica.

TGarios | segunda-feira, 09 de Janeiro de 2012 - 01:24

Filmaço. Imperdível !!!

Lukas Kuerten | quinta-feira, 12 de Janeiro de 2012 - 13:42

Adorei esse filme... Brad Bird fazendo um filme maravilhoso depois de dirigir animações

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 30 de Novembro de 2013 - 13:54

O segundo melhor da série, só perdendo para o de 1996. Analizando o comentário do Koball, quem seria o próximo Ethan Hunt caso a série se tornasse tão duradoura quanto a de Bond? Que não seja Shia LaBeouf, por favor........

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