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Críticas

Cineplayers

Seguindo a cartilha.

4,0

O novo filme de Marcos Jorge, que surpreendeu o público à época com seu filme Estômago, não traz grandes surpresas em sua investida no gênero policial localizado na periferia da cidade de São Paulo – ainda que os folhetos distribuídos antes da sessão pedissem que não fossem revelados detalhes sobre o desenvolvimento da trama.

O filme conta a história de uma rota de colisão entre uma família de classe baixa e o mundo do crime organizado, mais especificamente entre um agente da carrocinha paulista à época que ainda praticavam-se zoonoses com animais perdidos e um ameaçador bandido local que cria grandes cachorros de raça para ameaçar e extorquir.

Em meio a uma maré de desgraças espetaculares, reviravoltas pretensamente surpreendentes a cada dezena de minutos e explosões pontuais de violência,  o filme de Marcos Jorge carece de maiores méritos: é forçada uma empatia a qualquer custo nos dois lados em conflito, fazendo seus personagens conversarem amenidades que tentam representar  de maneira didática temas sociais e,  ainda que entrando mais tarde nos extremos em que qualquer um pode ser capaz de chegar, o revanchismo não tem a visceralidade de um Wes Craven no mergulho sem volta que essas histórias de "dar o troco" envolvem: a via crucis do personagem ordinário se paramenta de um drama sensacionalista e piegas, mostrando a disparidade entre dois lados de uma maneira que mostra que ainda há certo maniqueísmo ainda caricatural ali, mesmo com a consciência de não assumir na totalidade o mesmo.

Estilizado, lançando mão de ferramentas narrativas e estilísticas o tempo todo como o in media res (começar a história em um ponto avançado e então retroceder), os plot twists trágicos, as transições de cortina e os travellings arrojados do close para o geral, Mundo Cão não consegue se livrar da pecha do que se adjetiva pejorativamente como televisivo: a abordagem da vida na periferia é retratada com diálogos pouco naturais, humor ocasional e condução dentro do esperado, com momentos tristes carregados de mão pesada e os violentos dotados de um olho  gráfico na medida certa, que assusta mas não ofende.

De tão preocupado em se ajustar dentro da cartilha, Mundo Cão é um arremedo de várias ideias do gênero policial que usa o horizonte de expectativas e o horizonte de expectativas como muleta, pouco efetiva e forçada ao enfeitar revanchismo com todos os vícios habituais e, acima de tudo, cansativos.

Comentários (1)

Alexandre Marcello de Figueiredo | sexta-feira, 27 de Maio de 2016 - 11:50

A nota 4 é pouco, o filme é melhor que isso. Dos últimos filmes nacionais que eu assisti este é o melhor.

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