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Críticas

Cineplayers

Furacão de asneiras.

1,0

Há um momento em No Olho do Tornado em que um homem bêbado é sugado por um tornado, para depois aparecer vivo e hilariantemente feliz na cena final. Em outro momento, enquanto um tornado alcança “uma magnitude jamais vista antes na História”, uma mulher consegue sinal no celular para telefonar para sua filha. Enquanto isso se desenrola uma tentativa de trama comovente sobre um pai que trabalha demais, não tem tempo para a família, e exige demais de seus dois filhos. Agora que um deles está preso nos escombros de uma fábrica abandonada do outro lado da cidade, o pai atravessa com um furgão mais de três tornados consecutivos para salvá-lo e dizer o quanto o ama antes que seja tarde demais. Paralelo a isso temos um inexplicável núcleo cômico de dois amigos que, por diversão e falta do que fazer, realizam a grandiosa proeza de chegar a passos de distância da invasão de tornados sem serem sugados, enquanto um grupo de profissionais equipados com tudo o que há de mais moderno em monitoração e estudo destes mal consegue se aproximar.

Para fechar o pacote, o diretor se levou a sério o suficiente para tentar mixar falso documentário (mockumentary) em meio às suas imagens filmadas da maneira tradicional. Claro que isso não passa de um truque para driblar as limitações dos efeitos especiais, pois quando o roteiro exige uma cena muito absurda de ser filmada, basta empregar imagens desfocadas, trepidantes e picotadas que só revelam aquilo que o orçamento conseguiu cobrir. E como o tal orçamento foi aparentemente curto (todo empregado para o monstruoso “tornado final”), o diretor enche muita lingüiça com tramas que são a reciclagem da reciclagem, personagens estúpidos e diálogos constrangedores (com frases redundantes do tipo “temos que sair daqui antes que o tornado nos alcance”, embaladas por uma trilha sonora desesperada).

Se apenas se limitasse a ser o filme trash que é, e se assumisse como um, o filme ainda teria alguma defesa, mas o problema está na forma como se leva a sério. E para piorar, ainda traz uma sequência final cheia de depoimentos involuntariamente cômicos de “sobreviventes” afirmando o quanto é preciso ser forte e acreditar na capacidade de união do ser humano. A cereja do bolo fica por conta das imagens em câmera lenta da bandeira dos Estados Unidos rasgada, porém resistente e em pé após a passagem apocalíptica do último tornado.

É um mistério que Hollywood se interesse tão pouco em produzir blockbusters sobre tornados, dado o fascínio que o poder deles exerce quando potencializado por uma tela de cinema (embora Roland Emmerich tenha demonstrado um carinho especial por eles em O Dia Depois de Amanhã). O último grande sucesso que tem o fenômeno como personagem principal foi Twister, provavelmente a maior referência que temos no cinema pipoca. No Olho do Tornado não muda este cenário, obrigando os curiosos sobre o assunto a recorrer ao bom e velho Twister, ou migrar para o Discovery Chanel e acompanhar os verdadeiros documentários dos Caçadores de Tempestade.

Comentários (13)

André F. F. | quarta-feira, 03 de Setembro de 2014 - 20:54

Ih Heitor, desculpa então cara.

Marcos Freitas | quarta-feira, 03 de Setembro de 2014 - 21:50

Parece que as cenas de ação e efeitos visuais não foram bem aproveitadas, até pelo baixo orçamento, mal sinal 🙁

Luiz F. Vila Nova | domingo, 28 de Dezembro de 2014 - 13:53

A cena da vaca rodopiando no ar em 'Twister' é antológica. 😎

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