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Críticas

Cineplayers

Leandra Leal espetacular no papel central.

6,5

”Eu era como um lixo que atraía moscas, em vez de uma flor desejada por borboletas e abelhas”

Camila, personagem central do novo filme de Murilo Salles, Nome Próprio, parece saída dos escritos de Charles Bukowski. Auto-destrutiva, alcoólatra e levada pelo destino às ocasiões mais bizarras, Camila, na verdade, é fruto da mente da jovem Clarah Averbuck, cujas experiências em blogs pessoais fizeram sua fama entre os internautas, para depois lançar os livros “Máquina de Pinball” e “Vida de Gato”, bases para o roteiro.

Já em sua primeira cena Nome Próprio mostra a que veio: uma cena crua, barulhenta e avassaladora mostrando o rompimento entre Camila e seu namorado. Câmera na mão, cortes secos, ambiente soturno, ingredientes que dão a tônica em todo o filme. Murilo Salles, com um orçamento baixíssimo, construiu um filme para ser, principalmente, sentido.

E se funciona, é graças a atuação estupenda de Leandra Leal, que não tem um papel à altura de seu talento desde A Ostra e O Vento. Leandra encarna Camila, moça perdida com aspirações à escritora, com alma. Fica nua em cena, rola escadarias abaixo, esfrega o chão que o diabo pisou. Bela e madura como nunca, Leandra passa pelo tour de force da personagem com maestria.

Alguns senões deixam Nome Próprio a um passo de ser um grande filme. O maior é sua duração ostensiva. Bons vinte minutos poderiam ser deixados na sala de edição; o filme ficaria mais enxuto e o impacto provavelmente seria maior, já que lá pelo seu terço final, as agruras da personagem central não se tornam tão incômodas assim. Outro senão é que o filme carece de mais cenas de humor. Ou de nenhuma.

A geração beat pós-anos 2000 já encontrou o seu filme. E a sua musa.

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