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Críticas

Cineplayers

Maquiagem de gordo em comédia já não encanta mais. O filme tem que ser, principalmente, divertido, o que este aqui não é.

3,0

Norbit foi promovido como sendo mais um daqueles filmes onde um ator em particular - no caso, Eddie Murphy - mostra seu talento interpretando múltiplos personagens, inclusive simultaneamente. O que parecia ser uma proposta interessante, ou pelo menos aparentemente divertida, acabou não dando muito certo. O filme parece ter sido produzido mais para encher o ego de Eddie Murphy do que para entreter o público. A sensação de um filme artificial impera durante toda a projeção.

A verdade é que Norbit não passa de outra recriação de idéias vencidas (sobretudo a maquiagem de gordo), e portanto não deve despertar mais interesse do público que já tem visto trabalhos similares há muito tempo, como Professor Aloprado ou Vovó... Zona.  Apenas fez razoável sucesso (isso nos Estado Unidos) porque foi empurrado goela abaixo do público, com uma campanha de marketing um tanto quanto exagerada e apelativa. Os críticos responderam à altura, caçoando dos fracos esforços cômicos de Murphy e do diretor Brian Robbins (que antes dirigira Soltando os Cachorros). O público pareceu concordar com eles, pelo menos dessa vez.

Fora o showzinho particular de Murphy, que interpreta o próprio Norbit, Rasputia, sua esposa gorda e vulgar, e também o senhor Wong (em maquiagem muito mais interessante que as dos outros personagens), os coadjuvantes do filme estão totalmente deslocados, particularmente Cuba Gooding Jr., em um dos piores papéis de sua carreira, o que quer dizer muita coisa, visto que o ator já cometeu várias atrocidades neste mesmo gênero. Thandie Newton, por fazer sua noiva no filme, acabou sendo prejudicada por tabela, embora a atriz tenha carisma e beleza próprios. Seria melhor, contudo, não ter participado do filme. As atuações não são particularmente ruins, os personagens que são deploráveis, prejudicando qualquer talento artístico.

Há alguns momentos divertidos e é possível soltar algumas risadas, mas o filme de forma geral é muito sem graça. Piadas óbvias sobre gordos não ajudam a melhorar essa imagem, mas pelo menos o filme não chega a apelar com humor ofensivo (bem, apenas um pouco). As piadas, aliás, ficaram em segundo plano, já que o filme é uma exibição de técnica que na maioria das vezes não impressiona (como impressionaria há 10 anos, por motivos óbvios) e esquece de desenvolver motivações fortes para os personagens agirem como agem. Norbit - o personagem - pelo menos tem um pouco de personalidade. Ele deseja sair de seu casamento para buscar seu grande amor, e o personagem é pelo menos um pouco interessante por conta disso. Mas isso somente é muito pouco para segurar o interesse do filme todo.

Tecnicamente, claro, Norbit agrada, embora não impressione muito, como já foi comentado. Além da maquiagem, que é o ponto forte, a fotografia é muito bonita, pois a história passa-se em lugares alegres, coloridos e cheios de vida, como uma comédia de alto orçamento de Hollywood geralmente é. Somente lamento o fato de a produção ter se preocupado em criar um filme bonitinho e diferente e ter deixado de lado quase que completamente o desenvolvimento de bons personagens e situações cômicas melhores. Por cometer esses pecados, tão comuns nos dias de hoje, Norbit é apenas mais uma produção absolutamente medíocre, que não vale uma indicação.

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