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Críticas

Cineplayers

Apesar de inferior ao original, Eli Roth nos traz uma perspectiva um pouco diferente do tema.

5,0

Ao contrário do que você pode ter ouvido ou lido por aí, a continuação para o sanguinário O Albergue não possui a metade da violência do primeiro filme. E, agradavelmente, Eli Roth parte para uma perspectiva diferente do primeiro filme: há um grande esforço em desenvolver os personagens das vítimas (o que já havia ocorrido no primeiro filme) e, - pasmem! - os personagens dos assassinos. É uma tentativa no mínimo interessante de variar um gênero desgastado: ao invés de mostrar uma cena recheada de sangue e tripas atrás da outra, o filme possui menos cenas desse tipo, mas quando elas acontecem, há uma relação forte entre vítima e assassino e, consequentemente, entre ambos e os espectadores.

Talvez influenciado por Quentin Tarantino, que fez algo muito parecido recentemente em À Prova de Morte (e em seus outros filmes, é claro), a ação para valer só começa na segunda metade do filme. Antes disso há muita conversa e preparação do clima. Não no nível vazio e monótono do filme de Tarantino (mas isso é outra conversa), e sim de forma que o filme funcione como uma pequena aventura – a jornada de três amigas para um país desconhecido do Leste Europeu. Felizmente, apesar de caírem em velhos estereótipos, as garotas não são tão irritantes quanto na média do gênero, talvez pelo carinho com que o roteiro as trate. Embora eu não tenha gostado tanto do ato final quanto gostei do ato final do filme original, a cena é muito boa, apesar de improvável psicologicamente falando.

Outro fator positivo de O Albergue 2 é o de ser uma sequência coerente e real. Não é apenas mais uma história explorando o ambiente do filme anterior, e sim um evolução (pelo menos em termos de história) daquele filme, somando, agregando. O fato do filme gastar um bom tempo explorando o processo que leva uma pessoa comum (mas podre de rica) a viajar meio mundo para matar outra por pura diversão traz, como já foi comentado, uma nova e agradável perspectiva, fugindo um pouco do que seria o óbvio para a produção. Eu havia imaginado O Albergue 2 como uma sequência infindável de sangue, tripas e órgãos internos expostos. Eli Roth evitou isso e fez bem. As cenas de morte são poucas mas muito bem elaboradas (além de bizarras, mais que no primeiro filme), às vezes até evitando mostrar o óbvio.

Dito o que havia para dizer sobre o lado positivo, não se pode negar que o filme é movido a clichês e a estereótipos. As três protagonistas personificam modelos de garotas pré-concebidas: a loira vagabunda; a morena rica e arrogante; e a amiga tímida e ingênua. Para quem tem um pouco de experiência no gênero, fica fácil prever quem vai sobrar no final (confesso, porém, que não cheguei a pensar no assunto antes de assistir ao filme). Tecnicamente falando, apesar de a direção de Eli Roth continuar apurada (bom ritmo, principalmente, além de alguns quadros muito bem montados), ela também utiliza-se de forma irritante de truques baratos para promover algumas cenas – a parte em que o segurança do albergue pára em frente à câmera de CFTV bem na hora em que esta iria mostrar um assassinato é um desses truques.

O objetivo em muitos momentos foi criar um clima leve, quase cômico, mas esse objetivo ficou deslocado dentro do tema do filme. Além disso, há cenas estranhas que servem apenas para confundir, como é o caso da cena envolvendo o leiloeiro e algumas crianças na floresta. Há um relacionamento entre elas que não ficou claro dentro da história, criando uma camada desnecessária de mistério. E, somando-se a todos esses problemas (menores, em minha opinião), há o fato de O Albergue 2 ser simplesmente uma sequência desnecessária de um gênero desgastado e aborrecido. Ao contrário do primeiro filme, não há mais tensão (principal característica positiva daquele trabalho), por causa  justamente do tal desgaste do gênero e pelo próprio roteiro, inferior, apesar das boas características. No todo, é um filme bastante recomendado para quem ainda gosta desse tipo de filme e, claro, para quem gostou do exemplar original.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 15:43

Achei bem fraco em relação ao primeiro. Queria que os bastidores do clube fossem bem mais explorados.

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