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Críticas

Cineplayers

Divertido e despretensioso, filme aborda vários temas interessante, porém nunca passa de uma análise superficial dos temas.

5,0

O Diário de uma Babá critica, de forma divertida, a questão do tratamento impessoal que os pais modernos – super ocupados ou simplesmente irresponsáveis – dão a seus filhos: quem cuida deles é a babá, a professora da creche ou a vizinha. Embora o filme foque na classe alta de Nova York, a mesma moral da história vale para qualquer um desses grupos de pais que têm filhos mas não sabem exatamente o que fazer com eles. A mensagem é bastante óbvia, e se ela não for boa o suficiente para você considerar assistir ao filme,  este ainda funciona como um romance ligeiro. Bem, mesmo aí as coisas não são exatamente brilhantes, mas esta nova versão para a conhecida história de Mary Poppins é bonitinha e serve como passatempo despretensioso.

É um filme sobre auto-descoberta também, sobre definir o que fazer da vida, escolher entre a paixão ou a razão. Nesse sentido e nos outros já apresentados acima, o conjunto de lições apresentados pelo roteiro escrito pelos dois diretores a partir de um romance de Emma McLaughlin e Nicolas Kraus é bastante completo e abrangente, mas o maior pecado do filme é o de ser, em todos os aspectos que aborda, bastante superficial. Sua maior virtude, portanto (a de ser um filme despretensioso) é seu maior problema: tentando agradar a muitos públicos e tentando ofender o menos possível, O Diário de uma Babá merece lugar tímido nas prateleiras, ao lado de tantas outras comédias do seu estilo.

Scarlett Johansson faz aqui um papel mais normal, sem apelar em nada para sua sensualidade (já que a garota é uma das preferidas pelo público masculino atualmente). Faz aqui mais o tipo moça atrapalhada e de bom coração, tão bom que é difícil alguém não simpatizar com ela. O filme também tem Paul Giamatti como o pai de família que não se importa com sua família (a velha história) e a mãe (Laura Linney), perua, que acha que deve se virar para deixar a família de pé, mas que talvez seja a principal culpada pela crise familiar, por ser medíocre como pessoa, ao aceitar os fatos como eles são. O casal, de tão genérico e artificial, é chamado de “X” pelo roteiro. Acredito que esse seja o ponto mais inteligente do roteiro todo. No final, claro, todos (ou pelo menos alguns) ganharão nomes próprios por terem encontrado “o caminho certo” em suas vidas. Típico!

A favor do filme é o fato dele ser bastante divertido. Recheado de momentos pequenos e simples (a maioria deles já estava no trailer), a atuação de Johansson é bastante meiga e seu par amoroso interpretado por Chris Evans está lá para enfeitar a tela para as garotas que assistem ao filme, mas seu papel é fácil e o ator não tem chances de estragar nada. O garoto mimado e quase totalmente ignorado pelos pais (o nome do ator é Nicholas Art) também consegue promover simpatia, pois logo percebemos que sua arrogância não tem origem em si mesmo, e sim é proveniente da falta de edução da mãe, que pouco se importa com o menino além da parte material. No final das contas, já nos minutos iniciais, é possível perceber onde tudo vai terminar, mas o filme é bem amarrado e consegue prender os espectadores que ainda não estiverem cheios de comédias românticas urbanas provindas dos Estados Unidos. Essa aqui é uma delas, bem típica.

O Diário de uma Babá é limitado desde seu roteiro até seu estilo, dirigido por pessoas inexperientes mas com nomes fortes no elenco que compensam – pelo menos um pouquinho – esse detalhe. A tentativa de abordar diversos temas – educação infantil, diferença entre classes, descoberta do mundo adulto – é válida e até certo ponto satisfatória se não esperarmos respostas definitivas do filme. Trate esses temas como um pano de fundo de uma história divertida dentro de um filme despretensioso e creio que não haverá motivos para reclamar de muita coisa. Sinceramente, escrever sobre um filme assim é bastante complicado, sinto como se estivesse indo e vindo dentro do texto e nunca, de fato, avançasse para algum ponto relevante, pois o filme simplesmente não é bom o suficiente para isso. Divertido, mas bastante ordinário.

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