Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

De roupagem chamativa, ficção teen é incolor, e indolor.

5,0

Para evitar tristezas e decepções, é bom deixar claro ao começar a ler (e também ao entrar na sala escura) que você está lendo/vendo sobre a "mesma adaptação de livro de ficção científica infanto-juvenil sobre sociedade futurista distópica" que o sucesso de Jogos Vorazes liberou pra acontecer. 2013 foi assolado por elas das piores formas e mesclagens, inúmeros fracassos de bilheteria; todos merecidos. No início do ano, o mundo foi "presenteado" pelo primeiro derivado de sucesso das aventuras de Katniss Everdeen: Divergente, cuja continuação aporta na mesma data do ano que vem. Esse novo aqui não teve a mesma sorte.

No entanto, a experiência do diretor Philip Noyce (Jogos Patrióticos, O Americano Tranquilo) se faz presente na condução das cenas de O Doador de Memórias, que substitui a aventura e emoção por um jogo mais reflexivo em cima das sociedades totalitárias que habitam o universo dessas adaptações. Ainda assim, não espere uma versão teen dos temas presentes em um Malick; a galerinha alvo da obra que não se iludir que verá correria pode até se divertir.

O principal demérito do filme é o elenco, a despeito da presença de dona Meryl Streep em cena (mas olha, algumas de suas produções destinadas ao Oscar ficam bem abaixo desse aqui inclusive). Jeff Bridges faz um véio doido desses que a gente tem medo de que nos ataque na rua, em caracterização e resultado; a mocinha é sem graça toda vida, super verde; a mãe do protagonista é feita por Katie Holmes (ou seja...); sobram o menino protagonista e seu pai, Alexander Skarsgard, ambos bem eficientes com a proposta do filme.

Ao menos uma cena em particular vai bem além do parecido com uma mostrada esse ano em Divergente, quando os jovens da sociedade futurista são levados a um grande salão para que sua função no futuro seja decidida pelos anciães do lugar. Mas como eu disse inicialmente, a produção se propõe mais a refletir em cima do material proposto do que "agitar e sacudir"; talvez resida aí a resposta sobre o fracasso do filme. Como, apesar de agradável, não interessa a ninguém continuar a assistir a proliferação eterna dessas adaptações, nem fico triste com o flop. E a derrota nas bilheterias, que vai impedir a adaptação das óbvias continuações, ainda traz de benéfico o caráter aberto que o filme dá ao seu desenrolar, que deverá ter suas lacunas preenchidas obrigatoriamente pelo público; nada que assuste.

Tai, super fui com a cara de 2014 cinematograficamente. O ano tá fluindo bem, os blocks não estão dando vontade de tentar o suicídio de maneira generalizada (a não ser que alguém esperasse algo de Transformers, Homem-Aranha, Pompeia...), e alguns conseguiram ser excelentes. Não é o caso desse aqui, apenas um passatempo tranquilo que não deixa marcas nem dores, mas que justamente estava na categoria "bombas prévias"; não foi. Um molho bacana de mensagem pacifista para plateias jovens e bitoladas do mundo de hoje, mostrando que até em nome da paz se comete violência. Perai... não é sempre assim?

Comentários (5)

Lucas Souza | quarta-feira, 10 de Setembro de 2014 - 08:28

Koball falou tudo... E pior que a maioria das séries literárias nem tem tão boa qualidade assim...

Lucas Souza | quarta-feira, 10 de Setembro de 2014 - 08:39

Depois de Crepúsculo, somente "Jogos Vorazes" vingou... Até "Divergente" que nas primeiras semanas teve bilheteria muito forte, mas se mostrou também uma grande decepção posteriormente...

Anderson de Souza | segunda-feira, 29 de Setembro de 2014 - 13:57

Ruim demais. A trama é totalmente inverossímil , rasa e relaxada. Não que uma ficção deva apresentar ideia e soluções realistas, mas putz, eles só dão as mãos e recebem as memórias!(?)

Tosco é pouco.

Faça login para comentar.