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Críticas

Cineplayers

Simpático, porém bobinho.

5,5

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, 2011) é um simpático exemplar sobre um grupo de aposentados ingleses que decide, com pouco dinheiro, aproveitar o luxo que o referido hotel do título pode oferecer. Para isso, deixam o país e rumam para a Índia, onde esperam ter dias exóticos e cheios de conforto. Entretanto, o ponto de partida para essa jornada pessoal de cada um deles é quando se deparam, na verdade, com um local de hospedagem decadente e de infraestrutura precária.

Com ótimo elenco, assistir às redescobertas de cada um sobre suas próprias vidas é uma experiência sem dúvida agradável, porém muitas vezes simplista. John Madden, que de mais famoso dirigiu Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love, 1997), parece encantado por clichês. Por isso, os personagens demoram a ganhar profundidade.

Até os 40 minutos de projeção exatamente, os tipos apresentados são caricatos e, consequentemente, artificiais. Isso só começa a mudar quando Graham (Tom Wilkinson) assume sua homossexualidade. A partir deste ponto, ele e a personagem de Judi Dech são explorados mais a fundo, o que os confere de fato um sentido. Os demais, apesar de pequenos flertes com alguns aprofundamentos, ficam rasos.

Exemplo claro é Muriel, vivida por Maggie Smith. Apresentada como ranzinza e até mesmo preconceituosa em relação a empregados ou pessoas que prestam serviço, ela obviamente será o tipo comum que, na viagem, redescobrirá sua essência até se tornar modelo para os demais ao aliar-se àqueles que antes olhava com desdém. Esse é o grande pecado do roteiro, sem dúvida o ponto de maior fragilidade deste filme inconstante. De momentos de uma graça simples e de um drama compartilhável, a outros pobres e previsíveis.

Além disso, Madden também erra a mão ao cair na armadilha de tentar provocar emoções na plateia, seja para torcer por personagens ou para se comover com seus dramas particulares. Pouco se conhece de fato daquelas pessoas para se sensibilizar com muito do que vivem. Em nada ajuda também a abordagem comum, que faz tudo aquilo parecer mais uma fábula do que qualquer coisa com pé na realidade. Mas, como não se assume como tal na linguagem, fica quase vazio de significados, funcionando muito melhor como um passatempo descompromissado sobre as velhas mensagens de “nunca é tarde para recomeçar” e “a vida é curta demais para ser desperdiçada”. 

Se não consegue focar no estudo de personagens, menos ainda em questões relevantes para a terceira idade (e aqui não posso esquecer-me do belíssimo filme uruguaio A Demora), O Exótico Hotel Marigold perde a chance de ao menos discutir sobre uma Índia dividida entre a modernidade e o arcaico, como poderiam representar o personagem de Dev Patel - muito menos carismático e mais caricato do que em Quem Quer Ser um Milionário - e de sua namorada, funcionária dos grandes call centers indianos. A questão é relegada a segundo plano, assim como qualquer outro momento em que o debate parece disposto a se aprofundar. Logo o roteiro suaviza tudo e, assim, diz pouco.

Comentários (2)

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