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Críticas

Cineplayers

A Disney precisa urgentemente renovar sua equipe criativa. Uma pena que este filme não seja bom como parecia.

4,0

Desde que a Disney anunciou que pararia de fazer seus filmes em 2D, em conseqüência aos seus maus números nos últimos anos, a obviedade de que ela estava tomando a decisão errada era vista por todos, menos pela própria. Afinal, a qualidade de um desenho não se encontra em seu formato, e sim no quanto de emoção o mesmo consegue transferir ao seu público. A aposta da empresa para provar que estava com a razão chegou aos cinemas nacionais há pouco, com cheiro de renovação e a promessa de uma nova era no estúdio.

Bom, se os próximos passos da Disney forem semelhantes a O Galinho Chicken Little, digamos, o penhasco está mais próximo do que se imagina. A animação é sem sal, entediante, sem nada de novo e ainda está atrás no quesito técnico das demais empresas do ramo (um ramo maldoso e de nível elevadíssimo, diga-se de passagem). Apostando apenas no aspecto cômico para prender seu público, o filme esquece de desenvolver seus personagens de maneira mais profunda. E, para tentar encher seu filme com o máximo de aspectos bacanas, o diretor insere uma série de referências cinematográficas desnecessárias para tentar deixar sua obra mais rica (como a passagem de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida e Guerra dos Mundos original).

O Galinho é um jovem que, certo dia, anuncia no centro de sua cidade que o céu está caindo, causando um grande caos no local. Quando todos percebem que, na verdade, ele foi atingido por uma avelã, e não por um pedaço do céu, ninguém mais leva fé no talento do jovem galo. Porém, depois de sua virada de sucesso em um jogo de baseball (sua primeira conquista que o afastou do status de fracassado), o céu parece estar voltando a cair e ele tem a chance de provar para seu pai que sempre esteve falando a verdade.

Um link óbvio da relação entre pais e filhos é traçado pelo longa, assim como os grandes clássicos da Disney sempre tiveram. Porém, dessa vez, o tema é óbvio demais e poderá ter até mesmo o efeito inverso em certas crianças – por que não questionar as atitudes de seus pais, quando claramente o Chicken Little está com a razão em seus atos? E não é apenas esse o problema da história: disfarçando diversos clichês com personagens de características bem encaixadas, parece que a Disney está criando algo novo com suas figurinhas. Só que eles não empenham papel nenhum importante dentro da trama, sendo meras deixas cômicas para o divertido diretor Mark Dindal (o mesmo de A Nova Onda do Imperador) criar suas tiradas.

Mas o ponto fraco principal não é nem a falta de inovação que o filme traz (afinal, essas tomadas cômicas, mesmo que desnecessárias, são verdadeiramente engraçadas). O problema está mesmo na clara falta de experiência dos técnicos da Disney em trabalhar com ambientes 3D. Algumas passagens são claramente feias, com uma arte meio morta, de cores desbotadas e texturas fracas. Parece que as cores não nos deixam entrar na trama, que nos repelem de embarcar na mística que o tema, inspirado em um conto antigo, tem a nos oferecer (apenas metade dos empregados da Disney já haviam trabalhado com 3D antes). Ela precisa, urgentemente, dar cursos para seus funcionários e misturá-los com gente mais experiente do ramo, senão ela vai estar sempre a um passo atrás dos concorrentes.

Agora é esperar para ver se a empresa manterá sua decisão ou reformulará sua equipe criativa, pois a aba da Pixar pode não durar muito tempo - e a coisa pode ficar ainda mais feia para a Disney se isto realmente acontecer.

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