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Críticas

Cineplayers

Lírio Ferreira consegue dar visibilidade ao quase anônimo Humberto Teixeira.

7,0

Quem foi Humberto Teixeira? Esse é o ponto de partida deste interessante documentário de Lírio Ferreira que se debruça sobre a história de um homem desconhecido, porém de fundamental importância para a cultura brasileira. Teixeira é o grande responsável, ao lado de seu parceiro Luiz Gonzaga, pelo nascimento do ritmo musical conhecido como baião e, assim, o espectador tem a oportunidade de mergulhar no universo deste estilo e também na de seu principal compositor.

Tomando como ponto de partida a narração em off da filha de Teixeira durante uma visita ao túmulo do pai, quando ela logo confidencia também não conhecê-lo direito, o público imediatamente é instigado a conhecer aquela figura, responsável pela composição de músicas famosas – como Asa Branca. Após isso, o documentário trilha um interessante caminho ao ampliar sua narrativa para o surgimento do baião, o contexto histórico em que isso ocorreu, e as vozes responsáveis por levar esse ritmo para todos os cantos do Brasil e do mundo.

Assim, o longa mistura a todo instante a investigação sobre quem foi Humberto Teixeira com a história do baião, mostrando dessa maneira, nas entrelinhas, como um é inseparável do outro e como suas histórias se misturam para, em alguns momentos, traçarem um único caminho.

O filme é honesto e expõe com aparente sinceridade aquilo que propõe contar. Depoimentos de grandes personalidades da música brasileira como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Maria Bethânia, por exemplo, compõe a narrativa. O longa-metragem tem bons momentos ao colocar esses grande nomes da música para interpretar as canções conhecidas de Teixeira, impulsionando o ritmo da narrativa que, por vezes, torna-se arrastado.

Mesmo assim, este é documentário de qualidade que conta um pouco da cultura do Brasil, e da formação dela, por meio do baião, ritmo nascido no interior do nordeste brasileiro e que venceu o preconceito para ganhar o país.

O Homem que Engarrafava Nuvens é uma investigação rica e que cresce em interesse ao dividir com o espectador as descobertas da filha de Humberto sobre seu pai. As cenas em que ela aparece conversando abertamente com sua mãe, enquanto esta faz um relato sincero sobre o relacionamento dela com o compositor, e o relato final sobre um domingo que passou na companhia do pai são as mais belas passagens do documentário.

Ao desvendar a personalidade de um homem praticamente invisível, como bem define um pesquisador musical norte-americano, Lírio Ferreira conseguiu, enfim, dar visibilidade ao quase anônimo compositor Humberto Teixeira e também ao ritmo que ele ajudou a tornar conhecido.

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