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Críticas

Cineplayers

Coppola filmou um drama de tribunal com bons momentos, mas que em nenhum momento firma-se como um filme mais do que ordinário.

6,0

Francis Ford Coppola, um dos gênios do cinema ainda vivo, fez este pequeno filme em 1997 e com ele recebeu comentários indiferentes da crítica e do público, de lá para cá. Foi seu último verdadeiro trabalho como diretor. Mas O Homem que Fazia Chover não deveria ser julgado comparando-o com suas obras-primas, isso seria total covardia. Ele é um filme menor e menos autêntico (para não dizer mais clichê) do diretor, que possui várias boas qualidades, mas no final das contas não deixa de ser somente mais uma adaptação de um romance de tribunal de John Grisham para o cinema. E definitivamente não é a melhor delas.

Isso não é exatamente ruim, afinal A Firma, O Dossiê Pelicano e O Cliente renderam boas translações, e o mesmo acontece com este The Rainmaker. O mundo parece ser dos advogados no universo de Grisham, e ele adora explorá-los, rir deles e com eles. O trabalho para levar a história de um (mais um) advogado idealista em luta pelo seu cliente contra uma grande empresa de seguros foi realizado de forma bastante burocrática por Coppola e, caso não fosse o bom elenco e o nome do diretor, o filme estaria fadado a ser muito menos revisitado do que ele é hoje.

Não entendam errado: Matt Damon ainda em início de carreira e o sempre interessante Danny De Vito formaram uma dupla que agregou grande valor ao texto razoável do filme. A direção de Coppola, embora não seja exatamente uma jóia, é boa o suficiente para fazer com que esses textos apenas razoáveis (e às vezes aborrecidos, infelizmente) tragam interesse ao espectador. Não é um filme de grandes momentos, e sim firmado em valores individuais de atuação, pelo fato de a média de talento do elenco ser acima da média. Há ainda de se destacar a aparição de Claire Danes, um interesse amoroso para Damon no filme que infelizmente teve sua história mal aproveitada e mal encaixada na história maior, funcionando como um enredo paralelo que serve mais para distrair do que para agregar.

Grisham criou personagens que sempre se definem claramente entre o bem e o mal, trazendo facilidades a seus leitores para escolherem a quem torcer. O filme não faz diferente, Rudy Baylor (Damon) está iniciando na carreira e quer a todo custo manter-se íntegro, e o faz geralmente com poucas dúvidas ou tentações com a ajuda de Deck (De Vito), que funciona como um apoio perfeito às pretensões de Baylor – sempre se manter de pé firme! Drummond (Jon Voight), por outro lado, é o vilão perfeito para um filme como este: ele pisa e cospe em seus inimigos e a quem o quer ferir com seu poder e força. Realmente não fica complicado torcer pelo lado mais fraco nesse caso, o que de certa forma decepciona um pouco quando nos lembramos dos grandes filmes do diretor com seus personagens multidimensionais.

O fardo dos gênios é sempre corresponder às expectativas de todos. Coppola aqui fez o suficiente para não decepcionar a média do público e da crítica, com eficiência, mas sem brilhantismo. O Homem que Fazia Chover é um filme ordinário. Vale ser recomendado pelo respeito que todos que amam o cinema devem ter pelo diretor. Vale também ser recomendado por todos que adoram um drama de tribunal, embora não haja muito aqui com o que vibrar. Como este foi o último filme dirigido por Coppola, para os amantes do diretor, resta a expectativa de seu próximo trabalho, marcado para chegar às telas em 2007. Chama-se “Youth without Youth”, um drama que se passa antes da Segunda Guerra Mundial que já está em pós-produção.

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