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Críticas

Cineplayers

Apesar de provocar razoável tensão, personagens e roteiro muito ruins são o que chamam mais a atenção.

3,0

Mais um da série “terror ultra violento e sanguinário” chega às locadoras. O início da história da família homicida do Texas é superficialmente explicado nesse filme que consegue ser mais visceral que o seu original, a refilmagem de 2003. Obviamente, estamos diante de outro esforço cinematográfico absolutamente desnecessário, muito mais do que a já desnecessária refilmagem de 2003. Mas aquele filme teve razoável sucesso e a falta de idéias dos produtores de cinema continua a imperar – nada mais seguro para eles do que se manter em território conhecido, sem ousadias maiores.

Infelizmente, ao invés de investir em uma história mais psicológica e apesar de mostrar “o início” da família-monstro do Texas, o roteirista Sheldon Turner (da fraquinha refilmagem Golpe Baixo, com Adam Sandler) preferiu se ater a mostrar violência e sangue, ambos, claro, em excesso. Ele acabou perdendo a chance de investigar melhor o psicológico dos personagens, criando explicações óbvias e superficiais sobre o porquê Leatherface é do jeito que é, por exemplo. Não há nenhuma informação nova sobre a família Hewitt que já não podíamos antecipar dos outros filmes. Na verdade é apenas uma recriação dos episódios anteriores com um acréscimo de órgãos internos expostos, nada mais.

A história é sobre mais um grupo de adolescentes que acaba passando pela cidadezinha quase abandonada do Texas em uma viagem de carro. O clima de sexo impera, afinal, o ano é 1969. Aqui a atriz Jordana Brewster faz o papel que foi de Jessica Biel no filme anterior. O sexo, na realidade, é totalmente desnecessário à história, mas certamente vende ingressos. O filme funciona como terror psicológico, mas de uma forma equivocada: fica complicado decidir para quem torcer: se para os jovens estúpidos ou para a família Buscapé em sua versão macabra. Ambos os grupos são igualmente detestáveis em momentos distintos do filme.

A única salvação de “O Início” são seus momentos de tensão. Em meio a tanto sangue e irracionalidade, existem cenas de suspense que não são tão previsíveis. Mas não dá para se enganar: as atitudes de mocinhos e bandidos são quase sempre antecipáveis. O filme faz um esforço tremendo para chocar seu espectador. Como parece haver uma disputa para vermos qual o filme de terror mais violento, não somos poupados de cenas envolvendo mutilação e, claro, o clássico sangue, aqui em profusão. Na maioria das vezes, tais cenas foram forçadamente encaixadas e acabam ganhando uma conotação cômica – como a envolvendo a mutilação da segunda perna de um personagem para “ficar igual” à outra previamente mutilada. O mau gosto impera no filme de Jonathan Liebesman (o mesmo diretor do detestável No Cair da Noite).

A direção de arte e a fotografia, pelo menos, ficaram boas, embora não especialmente melhores que os da “concorrência” (leia-se: os outros filmes de terror excessivos dos últimos anos). A maquiagem, sobretudo, é um fator importantíssimo para trazer realismo à ação e náusea às espectadoras que tenham estômago fraco. Mas mesmo com esse capricho, o filme não chega a ser tão cruel quanto os da série Jogos Mortais e muito menos O Albergue, mas fica somente um nível abaixo. Se isso é ponto positivo ou negativo, seu gosto deve determinar.

Com personagens horríveis (no mau sentido artístico da palavra), como um grupo de motoqueiros estúpidos (alguém sentiu a redundância aqui?) e cenas bem mal montadas – não surpreendentemente a cena-clímax se passa novamente no matadouro, O Massacre da Serra Elétrica – O Início vale principalmente pela razoável tensão que provoca em algumas cenas. Certamente não tanta quanto o diretor deve achar que tenha conseguido passar – ele simplesmente não é tão bom assim. Para amantes dos filmes de terror recentes, é uma recomendação certa, pois estes espectadores não são muito exigentes em qualidade. Para todos os outros, há opções melhores nas locadoras, nem que tenhamos que recorrer aos clássicos.

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