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Críticas

Cineplayers

Os EUA perdem a inocência e um homem a confiança em thriller.

7,5

A verdade que importa, a confiança que faz diferença, a segurança que nos é cara, ah... essas são conseguidas mais perto do que imaginamos. Do que adianta ser aplaudido pelo mundo e perder o rumo dentro da própria casa? O jornalista Gary Webb sabe bem dessa afirmação e padece por isso. Quando descobre de um possível envolvimento da CIA com tráfico de drogas e armas afim de sustentar uma guerra na Nicarágua, Gary estava diante do furo de uma vida. Mas o preço que teria de pagar seria cobrado de todas as formas; quem imaginou que mexer com o governo americano seria tranquilo?

O diretor Michael Cuesta está no quinto longa, mas sua filmografia tem muito mais volume na TV, com episódios dirigidos para Six Feet Under, Homeland e Blood Brothers, entre outros. Aparentemente ainda não será dessa vez que sua carreira cinematográfica irá explodir (embora o indie 'L.I.E.' tenha feito barulhinho na época), mas literalmente a culpa não é dele; o cara trabalha na cartilha da tensão e sabe construir clima. A impressão que dá é que o filme até aperta as teclas certas, mas que elas já tinham sido apertadas anteriormente por outras mais, menos ou mais habilidosas. Fica então a incrível história real pra contar, e a forma como o interno faz muito sentido para o externo.

Porque não é todo dia que vemos o cinema dar valor ao micro em situações como essa; talvez seja o grande trunfo do filme. Os olhares que o filho mais velho lança para o pai ao descobrir seus deslizes tem gana e desapontamento real, e o envolvimento da CIA com a militarização de rebeldes nicaraguenses fica em pé de igualdade de importância com o real drama de um homem comum: como restaurar a confiança perdida, depois de destruída?

Mesmo com a empolgante atuação de Jeremy Renner, é sua inesperada química com o jovem Lucas Hedges que nos ganha lá pelas tantas, e através dessa relação que vemos cada poro de humanidade do personagem e traz a real discussão do filme, sobre quebra de confiança. Muitas vezes não importa a sociedade ou o país ou a opinião pública; é no nosso quintal que todas as guerras serão travadas, e lá que os mais profundos perdões farão diferença. A montagem de Brian A. Kattes também faz diferença e imprime o senso de ritmo necessário a um thriller político.

A beleza das últimas imagens contribuem para amenizar o caminho que o filme escolheu e que permeia sua narrativa, tensa e melancólica. Nelas vemos um homem corajoso e ambicioso se render ao que realmente importa na vida: os nossos. Sem a bênção do quintal, de nada adiantam prêmios, furos, fama e reconhecimento; é recuperando confiança e admiração que tudo fica menos opaco.

Comentários (1)

Ravel Macedo | quinta-feira, 11 de Dezembro de 2014 - 23:39

Não tinha ouvido falar, interessante.

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