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Críticas

Cineplayers

Um filme de ação com toques de charme e leveza do cinema francês.

7,0

Que o Cinema Francês está em franca ascensão, isso não é novidade para ninguém. Filmes como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e O Closet foram sucessos absolutos recentes, e para uma Hollywoodização era apenas um passo no futuro. E esse passo foi dado. Pacto dos Lobos é um filme de ação bem diferente do que estamos acostumados a ver, pois possui uma história concreta, uma parte técnica impecável que não deve nada para Hollywood (tudo bem, só um pouquinho) e o charme europeu de se contar uma história. Enfim, é um ótimo filme, uma surpresa, uma evolução. É suspense, drama, romance e muitos outros gêneros além de ação, fica difícil definir um só.

A história se passa na França, em 1764, quando misteriosos assassinatos começam a ocorrer em Gevaudan. A história é verídica até certo ponto, e isso é claramente dito no filme quando o personagem diz “o que verão a partir daqui nunca foi contado nos livros”, algo parecido, ou seja, realmente, no século 18, houve uma série de assassinatos de mais de 100 pessoas na França nunca esclarecidos. Baseado em um conto escrito na época, Pacto dos Lobos tem, a partir de uma simples premissa, uma bela história com boas reviravoltas, muita ação (bem encaixada, nunca gratuita) e personagens todos importantes dentro da trama.

Para combater a fera é chamado Grégoire de Fronsac (Samuel La Bihan), junto de seu fiel seguidor Mani (Mark Dacascos), um índio Mohawk forte e de passado sombrio (não se esqueçam do preconceito na época contra raças não brancas). Existem diversos outros personagens que estão inclusos na trama, como Mariane De Morangias (Émilie Dequenne) e seu irmão sem um braço Jean-François (Vincent Cassel, marido de Mônica Bellucci na vida real). Há também uma bela prostituta vivida por Mônica Belluci (de Matrix Reloaded, Irreversível), Sylvia, que tem muito mais a oferecer do que uma boa noite de prazer ao nosso caçador. Também entra na história um segundo caçador, Antoine Beauterne, por fins que obviamente não irei contar para não estragar nenhuma das surpresas que o filme reserva.

O aspecto técnico do filme impressiona. Além de explorar muito bem a beleza melancólica de uma França com medo, cheia de neblina e uma fotografia toda escura, Christophe Gans conseguiu deixar as cenas de ação muito boas, as melhores que já vi provindo do cinema europeu. Como disse antes, nada é por acaso, tudo está como deixa para um futuro entendimento ou utilização posterior, portanto não subestime o filme e nem o seu realizador. Aliás, ele recebeu uma recomendação R em sua censura, justificada, ao meu ver, já que ele possui umas cenas bem fortes e cruas.

Mas não são só de flores que O Pacto dos Lobos sobrevive. O primeiro defeito é a duração do filme. Ele tem desnecessários 140 minutos de filme, o que poderá deixá-lo cansativo e um pouco repetitivo na última meia hora. Aliás, esses 30 minutos finais baixou muito o conceito do filme, pois eles contém outro erro que me incomodou bastante: o fato do ritmo do filme cair imensamente. Digo isso porque você acha que o fim está próximo, acha por mais 5 minutos, por mais 10, e ele não chega. Fora que a tentativa de retomada da ação também ficou um pouco demais. A fera também, na parte em que aparece em CG, ficou artificial demais, mas isso já era esperado, visando que esta produção é uma das pioneiras do cinema francês no gênero. Por isso falei que a produção quase não devia nada as de Hollywood.

O Pacto dos Lobos é um ótimo filme de ação, com muito mais conteúdo do que a maioria que sai hoje em dia. É mais inteligente, profundo e bem feito do que a maioria, e isso já é muita coisa no gênero. Os defeitos não chegam a influir tanto na qualidade final do filme, mas talvez com mais prática os filmes franceses melhorem esses pontos negativos. É um filme também difícil de recomendar a alguém, talvez por ter tanta coisa diferente, mas quem deixar o preconceito de lado, curtirá uma ótima história à moda européia que veio na hora certa.

Comentários (3)

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 30 de Novembro de 2013 - 17:43

Um filme muito bem feito, apesar de hoje, a parte técnica estar desgastada.

Luiz F. Vila Nova | domingo, 06 de Setembro de 2015 - 14:13

Um dos meus filmes favoritos do tipo. Belo texto. 😉

Marcos Freitas | segunda-feira, 07 de Setembro de 2015 - 15:27

Gosto bastante do filme também!!!

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