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Críticas

Cineplayers

Filme russo sensível e de belíssimas características, pena ser de distribuição limitada.

8,0

É um belo e sensível filme russo, que chegou sem alardes aos nossos cinemas, mesmo premiadíssimo, tendo conquistado cinco prêmios no Festival de Veneza, inclusive o Leão de Ouro de melhor filme, além de ser indicado a vários outros, como o Globo de Ouro de filme estrangeiro. E é totalmente merecedor dessas honrarias. Ao seguir uma história que mesca simplicidade e brutalidade, consegue arrebatar até mesmo os menos sensíveis.

Após doze anos ausente, um homem rude e áspero (que não é nomeado no filme; uma forte interpretação de Konstantin Lavronenko) retorna para sua casa, onde reencontra a antiga esposa (não é claro se ela ainda o é; o filme se sustenta sempre na subjetividade e na observação do próprio espectador, que tem margem para dar suas próprias opiniões; nada é jogado gratuitamente) e seus dois filhos, Andrey (Vladimir Garin) e Ivan (Ivan Dobronravov), que praticamente não o conhecem. Partem então para uma viagem de alguns dias, onde a reaproximação entre pai e filhos poderá se concretizar ou virar um grande pesadelo - a personalidade forte e contestadora do filho menor causará os conflitos que permearão toda a trama, e que terá um trágico desfecho.

O filme é de uma beleza exuberante. Conduzido por uma trilha sonora bela e bem contextualizada, com uma fotografia sóbria e amarrada a tons frios, pontuado por grandes silêncios e fortíssimos (e raros) diálogos. O diretor Zvyagintsev, em seu primeiro trabalho, equilibra um roteiro sem grandes arroubos para que estes, quando aconteçam, tenham o máximo impacto possível. É incrível como o inexperiente diretor demonstra segurança ao conduzir o ritmo com mão firme; a mesma segurança se dá ao conduzir os atores, perfeitos, com grande destaque para o pequeno Garin, que consegue passar todos os conflitos que acontecem com uma criança que começa a adquirir a maturidade, que está começando o seu rito de crescimento. Garin demonstra toda a fragilidade e impotência perante o pai, mas também tem a firmeza necessária para confrontá-lo frente a frente. O mais chocante é saber que Garin, antes mesmo do lançamento do filme, morreu afogado no mesmo lago que serve de locação do início do filme. Logo aquele lago, que representa a metáfora maior da maturidade de seu personagem.

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