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Último Rei da Escócia, O

(Last King of Scotland, The, 2006)
7,7
Média
541 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Grande roteiro, direção de qualidade e fantásticas atuações: sim, o filme é muito bom!

8,5

Quando se ouve falar em ditador responsável por milhares de mortes, é inevitável não pensar em figuras famosas da história. E, indiscutivelmente, o primeiro que vem à cabeça é o mais famoso deles: Adolf Hitler. Porém, é interessante quando o cinema se dedica a mostrar outras figuras repudiantes da história. O Último Rei da Escócia mostra ao público um pouco mais sobre o ditador ugandense Idi Amin Dada. 

O recém-formado médico escocês Nicholas Garrigan (James Macvoy) parte para Uganda onde pretende exercer sua profissão. Nicholas chega em um momento conturbado no país, já que o governo de Milton Obote foi derrubado. O novo presidente é Idi Amin Dada (Forest Whitaker) que, ao assumir, promete para a população a construção de escolas, estradas e outros serviços de infra-estrutura. O caminho de Nicholas e Idi Amin se cruza quando o presidente necessita de um atendimento médico, e a postura do jovem ao atendê-lo encanta o presidente, que acaba por convidar Nicholas para ser seu médico pessoal e trabalhar em um hospital de Kampala (Capital de Uganda). Encantando com a possibilidade de ajudar a melhorar Uganda, o rapaz aceita a oferta.

Rápida explicação sobre quem foi Idi Amin. Chefe do exército, chegou ao poder em 1971, ao derrubar o então presidente Milton Obote, saindo somente em 1979. Foram anos difíceis para Uganda, que sofreu com a forte repressão, principalmente aqueles que contestavam o governo do ditador. Além disso, Idi Amin acabou com tribos locais, instalou pelotões de execução e aprisionou seus opositores. Estima-se que 300 mil pessoas foram executadas durante os oito anos em que o ditador esteve à frente de Uganda. 

Voltando ao filme. É possível afirmar que O Último Rei da Escócia é uma grande obra. O longa consegue mostrar diversos pontos históricos da época em que Idi Amin Dada governou Uganda. É evidente que foi necessário selecionar apenas os principais acontecimentos de todos os que ocorrem nos oito anos em que o ditador ocupou a presidência.  O filme mostra, por exemplo, a expulsão dos asiáticos do país e o seqüestro do avião da Air France. Mas, poderia, também, ter mostrado o encontro do ditador ugandense com o Papa – ocorrido em 1975 -, o que, sem dúvida, geraria uma cena curiosa: o encontro de uma figura santificada, com uma representação perfeita do diabo. Perdeu-se a chance de incluir uma grande passagem ao filme. Apesar disso, o longa é bastante válido como retrato histórico.     

O maior acerto do filme é não cair no clichê de mostrar o ditador como sendo apenas uma pessoa má. Diversas produções mostram seus vilões como pessoas repugnantes e ruins o tempo inteiro, para despertar assim o repúdio do espectador. Em O Último Rei da Escócia isso não ocorre. O ditador é retratado como qualquer ser humano e, por isso, em diversos momentos vemos um Idi Amin agradável, engraçado e, evidentemente, verdadeiro. Também somos apresentados ao outro lado de Amin, e vemos como é incrível a capacidade do ser humano de ter atitudes extremamente condenáveis. No recente Crash – No Limite, o personagem de Matt Dillon (o policial) é responsável por uma seqüência de atitudes que nos faz chegar à seguinte indagação: como pode uma mesma pessoa ter atitudes tão condenáveis e outras atitudes tão agradáveis em um espaço curtíssimo de tempo? A mesma pergunta se encaixa perfeitamente ao ditador Idi Amin Dada.

Fica claro como a temporada de prêmios pode ser injusta. Dessa vez, o erro foi ignorar o ator James Macvoy, que ao lado de Forest Whitaker, deixa o filme com uma força inacreditável. Ambos conferem uma vitalidade esplêndida a seus personagens. Macvoy é um ator fantástico. Quase sempre aparece ao lado de Whitaker, e em nenhum momento a presença de um, acaba por ofuscar ou minimizar o brilho do outro. Forest Whitaker ganhou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores como melhor ator do ano. Além disso, deve sagrar-se o vencedor do Oscar. Todos os prêmios são justíssimos. Whitaker tem uma habilidade incrível para ir rapidamente de uma expressão de raiva para uma fisionomia serena, e vice-versa. O Último Rei da Escócia tem o mérito de ter duas excelentes atuações que poderiam perfeitamente ter rendido ao filme uma dupla indicação ao Oscar na categoria melhor ator. 

Com um ótimo roteiro em mãos - as qualidades já foram enumeradas anteriormente -, o diretor Kevin Macdonald só precisava realizar um trabalho à altura. E o diretor não decepciona. Proveniente dos documentários, Kevin Macdonald tem uma grande estréia no comando de filmes não-documentais. O fato de a história do ditador de Uganda ser real pode ter ajudado Macdonald nesse desafio. 

O Último Rei da Escócia é um ótimo filme, e não poderia ser diferente. Com um grande roteiro, direção de qualidade e atuações fantásticas, não tinha como o longa não dar certo.

Comentários (1)

Renata Correia Nunes | quarta-feira, 11 de Junho de 2014 - 10:32

Filmaço! Forest arrasou e realmente é incompreensível como James foi completamente ignorado... o cara também arrebentou no papel! Ninguém deveu nada a ninguém.

Amei demais esse filme, pra mim é nota 10!

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